Um estudante do 6º período da Faculdade de Medicina Afya tem usado as redes sociais para compartilhar os “bastidores” dos atendimentos realizados por ele em um posto de saúde de Ipatinga, no Vale do Rio Doce. Lurdiano Freitas tem 29 anos e sonha com uma medicina mais humanizada e que valorize a relação entre o médico e o paciente.
Para isso, ele e os colegas de trabalho criaram o projeto de extensão “Ligações de Afeto”, que tem o objetivo dar uma atenção especial aos pacientes, principalmente os idosos, que, muitas vezes, não retornavam ao consultório para fazer o acompanhamento.
Em um dos vídeos, Lurdiano aparece ligando para um dos pacientes para saber como ele estava se sentindo após iniciar o tratamento médico.
“Seu Joaquim? Tudo ‘bão’ com o senhor? É o menino que atendeu o senhor aqui no posto! Contar um caso aqui, vai vim ver nós hoje? Estamos com saudade do senhor, uai”, diz ele na ligação.
Ao BHAZ, o estudante conta que ele queria dar sequência ao tratamento do Joaquim, mas que ele não retornava ao posto e que, por isso, ele não sabia se os remédios que ele receitou tinham dado certo ou não.
“Então pensei que a primeira coisa que eu precisava enfatizar nas minhas consultas era a de ter uma relação melhor com os pacientes aqui dentro, para que eles tenham uma melhor adesão ao tratamento”, disse ele.
“Eu queria muito que o seu Joaquim voltasse pra saber o que aconteceu com ele. A gente tinha o número dele na ficha médica e acesso ao histórico, então falei para minha colega: ‘porque a gente não liga pra saber o que está acontecendo?” acrescentou.
‘Medicina é um serviço às pessoas’
Após a ligação, o estudante conseguiu convencer Joaquim a ir ao retorno da consulta, mas ele não havia pegado o resultado dos exames. Encerrado o expediente, Lurdiano foi de carro com o idoso para buscar os papéis no laboratório.
“Quando a gente foi buscar o exame, a gente pensou: ‘Olha, eu realmente posso fazer isso? Sair depois do meu horário e ir buscar um exame pro meu paciente? Se eu tenho tempo e ele precisa, por que não fazer?”, refletiu.
A melhora na relação dentro consultório tem rendido bons frutos na UBS em que o estudante trabalha. Segundo ele, os pacientes atendidos estão bem mais empolgados para cuidarem da própria saúde. Para facilitar ainda mais o tratamento, ele usa adesivos coloridos para ajudar na leitura das receitas.
“Eu nunca imaginei que os vídeos iam ter essa proporção. Isso é algo tão simples que nunca imaginei que as pessoas iriam se interessar tanto. Eu venho há 10 anos trabalhando com ação social, meu pai era um dos dirigentes do asilo da minha cidade, então eu cresci com isso. Eu creio que esse é o meu chamado por Deus, a medicina é um serviço às pessoas e, se eu tô ali, quero servir com excelência”, finalizou.
