Um gari de Papagaios, cidade localizada a mais de 120km de Belo Horizonte, deu uma aula de solidariedade nessa quarta-feira (3). Enquanto coletava o lixo da zona rural do município, Márcio Henrique Lopes Pena, conhecido carinhosamente como “Fofão”, foi abordado por uma mãe desesperada, que havia descartado sem querer o boleto da prestação do carro do filho e os R$ 440 destinados ao pagamento. No meio do expediente, o profissional então se empenhou em procurar a quantia no lixo.
“Ela tava muito apreensiva, porque poderia ter perdido o dinheiro também. Foi difícil de achar porque era muito lixo, não era pouco não. Eu e meu companheiro Edson tivemos que fazer uma procura bem detalhada. Mas Deus ajudou em pouco mais de uma hora achamos a ‘boleta’ e o dinheiro”, relembra Fofão.
Depois de encontrar os pertences, ele foi direto para uma casa lotérica perto da sua casa para fazer o pagamento. Em seguida, ele entrou em contato com a mulher pelo Facebook e os dois combinaram de se encontrar para que ele entregasse o comprovante.
“Ela ficou agradecida demais! O boleto era do filho dela, mas ela que ia na rua pagar. O valor do boleto era R$ 440 e dois centavos. A gente tinha uns 10 centavos aqui e ia dar pra inteirar, só que o moço da loteria disse que não precisava”, relembra.
‘Legado que a gente deixa’
Fofão trabalha como gari há 11 anos e essa não foi a primeira vez que ele se comprometeu a devolver objetos de valor que foram descartados acidentalmente. Em 2019, ele encontrou um telefone no meio do lixo coletado na porta de um banco da cidade.
“Eu voltei no lugar pra ver se ele ainda tava lá e na hora ele tava ligando pro telefone. Quando entreguei pra ele, ele me agradeceu muito também. Cidade pequena é assim, o povo agradece muito! É que quase todo mundo se conhece”, conta.
Pelo Facebook, o funcionário da Prefeitura de Papagaios compartilhou sua recente boa ação e tem recebido muito carinho de conhecidos e desconhecidos. Para ele, esse é o principal ensinamento que pode deixar para o filho, de apenas 11 anos.
“É um legado que a gente deixa, principalmente pros filhos. Quando eu cheguei e contei pro meu filho ele ficou bem alegre e tá mais alegre agora que todo mundo tá compartilhando. Isso cria nos jovens essa vontade de querer fazer também, já que todo mundo vai elogiar”, conta Fofão.
