O idoso João Ribeiro, resgatado de uma fazenda de café no município de Bueno Brandão, no Sul de Minas, reencontrou a família após quatro décadas. Em reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo (19), três filhos e uma irmã do idoso de 74 anos tiveram a chance de vê-lo novamente em um momento emocionante.
Após ver uma primeira reportagem no programa sobre a situação em que João vivia na fazenda, Ana Zilia avisou aos sobrinhos que ele estava vivo. Os filhos então realizaram um exame de DNA que comprovou a paternidade.
“Na hora que olhei a imagem dele, eu já gritei: ‘Ele parece meu irmão que sumiu’. Aí, na hora que eu vi que o repórter deu para ele os documentos, falou o nome dele inteiro, do pai e da minha mãe, não tinha mais dúvida”, disse Ana Zilia Francisca Ribeiro de Oliveira, irmã de João.
Agora, a Justiça pediu uma série de avaliações para confirmar se a família tem condições de cuidar do idoso, que agora vive em uma casa de acolhimento em Bueno Brandão. Veja um trecho do reencontro:
‘Poderia ser o pai de qualquer um de nós’
João passou os últimos 38 anos alojado em uma casa com iluminação precária e sem higiene adequada. O quarto em que dormia não tinha portas que evitassem a entrada de animais silvestres e ele dormia sobre espuma velha de colchão.
Entre os dias 24 e 30 de janeiro, uma operação coordenada por Auditores-Fiscais do Trabalho do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, vinculados à Secretaria de Inspeção do Trabalho, conseguiu resgatá-lo do local. Ao BHAZ, o auditor do trabalho Filipe Nascimento, que participou do resgate, disse ter sido profundamente marcado por tudo o que viu.
“O lugar em que estava era muito bonito para passear, você olha os casebres e não imagina que tinha um senhor que trabalha lá dentro em situações degradantes. Quando ele nos contou que vivia ali há 40 anos, aquilo me tocou muito. Ele poderia ser o pai de qualquer um de nós”, comenta ele.
O idoso, que possui deficiência visual e cognitiva, trabalhava unicamente em troca de comida, sem receber nenhum tipo de remuneração. O trabalhador não era pago pelos trabalhos que era ordenado a executar na fazenda, em que capinava os pastos, cultivava café e tratava dos brejos junto a porcos.
“Por sua condição cognitiva, ele não tomava banho, não sabia o dia da semana que era, não sabia quem era o presidente do país. O proprietário alegou que João era da família, mas ele definitivamente não era. Ele era tratado como uma propriedade, um bicho, era ridicularizado por todos que estavam ali e chegou a ser apelidado de ‘João do Brejo’”, explica.