Ipatinga desobriga uso de máscara em locais fechados e infectologista alerta: ‘Não é hora’

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A prefeitura de Ipatinga decretou o fim da obrigatoriedade do uso de máscara em locais abertos (Reprodução/Google Street View + Arquivo/Agência Brasil)

A prefeitura de Ipatinga, no Vale do Aço, publicou um novo decreto, ontem (7), que desobriga a utilização de máscaras em locais fechados. A cidade já havia flexibilizado o uso do item de proteção contra Covid-19 em locais abertos, no fim do ano passado. Em resumo, o município elimina grande parte das medidas de prevenção contidas no decreto de 16 de novembro de 2021.

O decreto de nº 9.994 entrou em vigor hoje, e retira a obrigação do uso de máscara ao ar livre na cidade. De acordo com o documento, “permanece obrigatório o uso de máscara de proteção individual, com adequada cobertura sobre o nariz e a boca, em áreas médico hospitalares”.

O uso do item ainda segue obrigatório para pessoas com sintomas de Covid-19. “Pessoas com sintomas de Covid-19, ainda que imunizadas, devem cumprir as medidas de isolamento, conforme recomendação médica”.

Gustavo Nunes (PSL), prefeito de Ipatinga, fez uma postagem nas redes sociais para contar a novidade à população. Veja:

O último boletim epidemiológico que consta no site da prefeitura de Ipatinga é de ontem (7). São 43.996 casos confirmados na cidade desde o início da pandemia, e 961 mortes. A primeira dose da vacina já foi aplicada em 208.581 pessoas; a segunda em 173.221 e a terceira em 71.191.

‘Ainda temos centenas de mortes’

Ao BHAZ, o infectologista Leandro Curi afirma que, “para retirar, devemos ter índices de mortalidade confortáveis”. E ainda não é o caso. “Ainda temos centenas de mortes por dia, para uma doença que já tem vacina. Eu considero extremamente perigoso esse tipo de decisão, não é hora. O Ministério da Saúde, que não é referência técnica, quer transformar pandemia em endemia, o que também acho desnecessário”, alerta.

O médico lembra que locais fechados trazem proximidade de pessoas, aglomeração: “A principal forma de contaminação é por gotículas. Ambientes fechados são onde isso mais acontece. Quando você desobriga, está mostrando para a população que está tudo bem ficar desprotegido. Porém, a pandemia segue matando pessoas e enchendo o sistema público”.

Curi também alerta sobre os indicadores de risco em nível verde. “Ano passado já estávamos com os dados verdes, mas vimos o que aconteceu no fim do ano. O poder público não pode usar do argumento de que as pessoas já não estavam utilizando máscara mesmo. Essa atitude só piora, não ajuda em nada. Recomendo a todos que sigam utilizando máscara sempre que possível. A pandemia ainda existe, apesar da gente querer o contrário”.

E quando poderia ser feita a liberação do uso de máscaras de forma segura? Para o infectologista, somente com uma taxa de vacinação completa, acima de 90%. “É uma doença que se pode prevenir, e o uso de máscara é importantíssimo. Vacina no braço e máscara na face, e dificilmente trarão uma infecção. Essa liberação me parece algo muito mais eleitoreiro do que científico”, completa.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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