‘Janeiro Roxo’: Minas transforma ex-colônias de hanseníase em casas de tratamento para a doença

sanatório santa izabel
Até o século passado, os locais eram utilizados para segregar os pacientes diagnosticados com a hanseníase (Fhemig/Divulgação)

Cercada por estigmas há mais de um milênio, a hanseníase tem em janeiro um mês dedicado à sua atenção, a partir da campanha “Janeiro Roxo”. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo país com mais casos da doença. Em Minas, foram registradas pouco mais de 5 mil notificações nos últimos seis anos e o estado tem trabalhado para levar aos pacientes um tratamento mais humanizado.

Em Minas, quatro municípios já abrigaram as chamadas “colônias de hanseníase”, que eram casas de isolamento de pacientes. São elas as atuais Casas de Saúde Santa Izabel, em Betim; a Santa Fé, em Três Corações; a São Francisco de Assis, em Bambuí e a Padre Damião, em Ubá.

A medida sanitária foi duramente criticada ao longo dos anos por promover a segregação. Atualmente, as colônias dão lugar a centros de reabilitação e cuidado ao idoso, com destaque para o tratamento da hanseníase. As unidades também oferecem atendimento à população em diversas especialidades médicas. 

‘Tratamento humanizado’

Segundo a diretora assistencial da Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais), Lucineia Carvalhais, uma das características do tratamento contra a doença é a forma humanizada como ele é realizado atualmente.

“O protocolo específico da Fhemig, que padroniza o cuidado nas Casas de Saúde, trabalha de forma cada vez mais integrada com o SUS (Sistema Único de Saúde) regional, contribuindo para a redução do preconceito e para auxiliar no acesso dos pacientes a todos os serviços que são ofertados à população da região”, explica a diretora, que também é infectologista. 

Ex-hansenianos e seus familiares atualmente vivem em áreas residenciais nas quatro Casas de Saúde que a Fhemig mantém. Recentemente, 146 famílias que residem próximo ao centro de saúde Santa Izabel, em Betim, receberam seus títulos de propriedade de imóveis.

“Ter, enfim, o registro da casa própria em mãos trará segurança a esses moradores, além de potencializar o investimento em políticas públicas e, principalmente, o desenvolvimento econômico. É, sem dúvidas, um grande avanço”, afirmou a presidente da Fundação, Renata Dias. 

O que é a hanseníase?

A hanseníase, antigamente conhecida como “lepra”, é uma doença infecciosa, crônica e curável que causa lesões na pele e danos aos nervos. Ela é causada pela bactéria Mycobacterium leprae.

As autoridades de saúde alertam que, quanto mais cedo ocorrer o diagnóstico e o tratamento da doença, maiores as chances de cura e de prevenção de suas consequências. Além disso, o paciente em tratamento deixa de ser transmissor da doença.

Sintomas

A hanseníase pode causar perda de sensibilidade à dor, feridas e perdas dos ossos das extremidades, com deformidades das mãos, pés, nariz e orelhas. Durante o tratamento, os pacientes passam por avaliações clínicas e neurológicas periódicas e recebem orientações sobre o uso correto da medicação. 

Os sintomas mais comuns são o aparecimento de caroços ou inchaços no rosto, orelhas, cotovelos e mãos; entupimento constante do nariz, com um pouco de sangue e feridas; redução ou ausência de sensibilidade ao calor, ao frio, à dor e ao tato; manchas em qualquer parte do corpo, que podem ser pálidas, esbranquiçadas ou avermelhadas; partes do corpo dormentes ou amortecidas. 

Como receber atendimento?

Para ser atendido em uma das Casas de Saúde, o paciente deve ser encaminhado por um médico de um posto de saúde. Chegando à unidade, o atendimento é feito por um especialista que indica os procedimentos necessários.

Por lá, também é fornecido o pedido para a retirada dos medicamentos, que são distribuídos gratuitamente. O uso da medicação pode ser feito em casa ou em dias pré-agendados nos serviços de saúde da comunidade – “medicação assistida”.

A internação pode ser necessária quando o paciente apresenta reações alérgicas à medicação, em casos de infecção grave e, também, nos casos de doença recente. O cuidado especializado também é oferecido quando a família não tem condições de acompanhar o início do tratamento em casa. 

A duração do tratamento varia de acordo com a forma da doença, podendo levar de seis meses (para as formas mais brandas) a dois anos (para as formas mais graves ou de tratamento mais tardio ou resistente).

Com Agência Minas

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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