A cerca de um mês de encerrar o calendário letivo de 2022, as universidades federais sofreram um novo bloqueio orçamentário. Na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a comunidade acadêmica acredita que os cortes podem comprometer até mesmo o pagamento de despesas básicas, como contas de água, luz, serviços de limpeza e portaria.
Em nota, a universidade estima que o impacto deve variar de R$ 7,6 milhões a R$ 10 milhões, caso a medida não seja revertida. A reitora Sandra Regina Goulart disse ter sido informada do novo bloqueio enquanto a seleção brasileira enfrentava a Suíça, na última segunda-feira (28).
“Recolheram tudo o que as universidades tinham para empenhar ou para fazer permuta de capital para custeio no último momento da execução orçamentária”, lamentou. Segundo ela, ainda “não há clareza em relação a valores, mas já estamos nos movimentando para reverter esse cenário”.
Em nota, o MEC (Ministério da Educação) informou ter recebido uma notificação do Ministério da Economia a respeito dos bloqueios orçamentários realizados. “É importante destacar que o MEC mantém a comunicação aberta com todos e mantém as tratativas junto ao Ministério da Economia e à Casa Civil para avaliar alternativas e buscar soluções para enfrentar a situação”, informou a pasta.
‘Cenário extremamente preocupante’
Durante a cerimônia de inauguração do complexo de usinas fotovoltaicas, realizada ontem (29), Sandra Goulart informou que as universidades têm até 9 de dezembro para reverter os bloqueios – essa é a data-limite para o empenho de despesas. “Caso contrário, não conseguiremos fechar as contas do exercício”, reforçou a reitora.
Esse é o terceiro bloqueio sofrido pelas universidades em 2022. No início de outubro, a UFMG se viu ameaçada de perder 5,8% de seu orçamento, cerca de R$ 12 milhões. Caso o novo bloqueio não seja impedido, a reitora explica que a verba restante não será suficiente nem mesmo para arcar com as contas de água e energia.
Sandra acrescenta que o novo bloqueio ocorre no momento em que se celebra o início dos testes clínicos da SpiN-TEC MCTI UFMG, vacina contra a covid desenvolvida pelo CTVacinas da UFMG, a única com 100% de tecnologia brasileira.
“As universidades são extremamente relevantes, cumpriram papel fundamental no combate à pandemia e não conseguem dispor de um orçamento minimamente compatível com os serviços que prestam para a sociedade. É um cenário extremamente preocupante, que põe em risco o futuro dessas instituições, que são patrimônio do país”, argumenta.