Preços do pão, leite e café disparam em BH; padarias sentem impacto da crise na capital mineira

preço do pão
Pão francês, café e leite tiveram aumentos consideráveis na capital mineira (Banco de Imagens/Envato)

O tradicional pãozinho que chega à mesa do consumidor teve um aumento de preço substancial em Belo Horizonte. É o que mostra um levantamento do site Mercado Mineiro, que consultou 28 padarias entre os dias 22 e 25 de março. Em comparação com o mês passado, os valores médios nos estabelecimentos também pesam no bolso do belo-horizontino.

Para se ter ideia, o preço médio do pão de sal – ou francês, como muitos chamam – subiu de R$ 16,42 para R$ 17,55 na capital mineira, o que equivale a um aumento de 6,9%. O quilo do produto é encontrado por R$ 13,90 até R$ 25,99 em diferentes padarias, o que representa uma variação de 87%.

Boa parte dos cidadãos também não abre mão do leite para acompanhar o café da manhã. Nas diversas padarias consultadas, a bebida láctea integral da marca Itambé pode custar de R$ 4,79 até R$ 7,29, uma diferença de 52%. Comparando os preços médios de fevereiro a março deste ano, o mesmo produto subiu de R$ 5,11 para R$ 5,66, um aumento de 10,73%, ou R$ 0,55.

Aqueles que curtem um pão doce na hora do café também encontram valores diferentes nas padarias: o quilo do produto pode custar de R$ 14,90 até R$ 39,90, 168% de diferença. Durante o intervalo de um mês, a mesma quantidade do alimento subiu de R$ 18,96 para R$ 20,27, um aumento de 6,93% ou R$ 1,31. Apesar das mudanças, os lanches nas panificadoras se mantiveram estáveis.

Padarias sentem impacto

Para Feliciano Abreu, presidente do Mercado Mineiro, as padarias também vêm sofrendo muito com o aumento no preço das commodities, o que reflete nas escolhas do consumidor.

“O leite disparou no último mês. Foi o que mais impressionou, você encontra o leite integral por até R$ 7 por aí. O custo da padaria está aumentando também, e isso inclusive é ruim para os estabelecimentos, já que não conseguem revender da maneira como deveria”, pontua.

Feliciano menciona que os supermercados acabam sendo uma alternativa mais atrativa no cenário atual. O preço do café, do leite e do pão é mais barato nesses comércios, já que a padaria depende de fatores como a localização. Quem sofre nessa instabilidade é o consumidor e a própria panificadora, que perde clientela.

Via de mão dupla

“Muitas vezes o consumidor quer ajudar o comércio de bairro, porque conhece a qualidade dos produtos, mas isso acaba se tornando insustentável. Ele não tem opção, porque não tem dinheiro. E esse é um grande problema”, acrescenta. Para o líder do Mercado Mineiro, as próprias padarias correm atrás de ofertas para comprar e garantir uma margem de lucro ao consumidor final, mas está cada vez mais difícil.

A guerra na Ucrânia é um dos fatores que mais impactam o cenário, já que é um dos países que mais exportam trigo – matéria-prima do pão – ao Brasil, lado a lado com a Argentina. Feliciano avalia que a quebra em um grande mercado, como o ucraniano, desiquilibra todo o comércio da commodity. Afinal, mesmo que o país importe somente da Argentina, está sujeito a prováveis aumentos devido à escassez das exportações ucranianas.

“Todos esses fatores impactam o dono da padaria, que consequentemente repassa o problema ao consumidor. É importante pesquisar e valorizar mais o uso do dinheiro neste momento crítico à economia”, finaliza. O Mercado Mineiro realizou outra pesquisa que mostrou que os produtos das padarias de BH apresentaram aumento acima da inflação no último ano.

Edição: Vitor Fernandes
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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