Enquanto o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgado nessa terça-feira (16), aumenta a apreensão de alguns estudantes sobre a possibilidade de ingresso no Ensino Superior, outros respiram aliviados com o bom desempenho. É o caso da mineira Júlia Mendes, de 17 anos, que figura no seleto grupo de pessoas que conquistaram nota máxima em matemática na edição, com surpreendentes 958 pontos.
Nascida em Belo Horizonte, Júlia se mudou com os pais para Patos de Minas, no Alto Paranaíba, com apenas 1 ano de idade. Aos 16, retornou à capital mineira para se preparar para o Enem e alcançar uma boa média, que lhe rendesse vaga no curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E assim foi feito. Além do máximo em matemática, a estudante do Colégio Bernoulli obteve 980 pontos na redação, totalizando 829,38 na média geral.
“Aqui em casa, todo mundo sempre foi muito envolvido na minha relação com os estudos, desde os pais, tios, aos avós. Então era uma nota muito esperada”, revela Júlia. “Tô muito feliz com essa conquista e com muita esperança de que vou conseguir a vaga que eu desejo”, complementa.
Se no começo da jornada de estudo, no começo do ano passado, a vaga pretendida parecia clara, na UFMG, agora o jogo virou. Ao BHAZ, Júlia contou que, com o resultado surpreendente, pensa em se candidatar para instituições em outros estados, como a Universidade de São Paulo (USP). “No Sisu dá pra jogar a nota pra qualquer lugar, então o desafio agora é escolher o caminho que eu vou seguir”, conta a estudante.
Pressão
O alívio após o resultado por vezes mascara a pressão sofrida por alunos durante o período de preparação para exames. Não é o caso de Júlia. A belo-horizontina revela que a família foi pilar fundamental na construção de um psicológico forte para lidar com a prova.
“Essa parte da cobrança vinha mais de mim. Nunca me foi cobrado nada da família. Eles inclusive me ajudavam a aliviar a pressão, falando que o investimento não era algo a ser pesado. Isso com certeza me ajudou muito a ter um bom resultado, ter pessoas pra me dar esse apoio e levar a jornada com um pouco mais de leveza”, explicou.
Segredo do sucesso
Perguntada sobre o segredo para ter ótimos resultados no Enem, Júlia contou que não há segredo algum. O desempenho é resultado de preparação e uma boa base nos estudos. “Pra tirar nota máxima em matemática, não é uma coisa que você arranca da cartola. É uma preparação que, no meu caso, veio da vida toda”, começa.
“Eu reparo que muitos alunos têm dificuldade porque chegam no terceiro ano (do ensino médio) inseguros com algumas matérias básicas. Se você não tem a base, como vai fazer um exercício difícil de logaritmo?”, aponta a estudante.
Para o sucesso na redação, a jovem destaca dois pontos: repertório sociocultural e capacidade interdisciplinar. “(É importante) ver sempre as notícias, porque a prova pode estar cobrando um problema social ou um tema do cotidiano brasileiro, e ficar ligado nas atualidades. E também ter uma visão interdisciplinar, isso ajuda bastante. Quanto mais a pessoa ler, melhor”, pontua.
Agora, Júlia mira o futuro com entusiasmo. “Eu tô muito animada pra começar a faculdade. A gente fica estudando pra prova, mas tem um objetivo maior por trás. Quero fazer um bom trabalho como médica e ajudar até a humanizar a medicina, para que os pacientes se sintam mais acolhidos. Espero que essa boa nota seja a porta de entrada para uma boa carreira”, finaliza.
Mínimas, médias e máximas do Enem 2023
- Linguagens, códigos e suas tecnologias – Mínima: 287 – Média: 516,2 – Máxima: 820,8
- Ciências humanas e suas tecnologias – Mínima: 289,9 – Média: 522 – Máxima: 823
- Ciências da natureza e suas tecnologias – Mínima: 314,4 – Média: 497,4 – Máxima: 868,4
- Matemática e suas tecnologias – Mínima: 319,8 – Média: 534,9 – Máxima: 958,6
- Redação – Mínima: 40 – Média: 641,6 – Máxima: 1000
