Bolsonaro é questionado sobre perder eleições e dispara contra repórter: ‘Você tá louca que eu fale, né’

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Jornalista questionou se o presidente vai entregar a faixa presidencial caso não vença as eleições deste ano (Reprodução/@desmentindobozo/Twitter)

Em pronunciamento à imprensa nesta sexta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (PL) se exaltou com uma repórter. Questionado sobre entregar a faixa presidencial caso perca as eleições deste ano, o mandatário voltou a mencionar o inquérito que investigou um ataque ao sistema interno do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

“O sistema do jeito que tá, o senhor diz que não é transparente, o senhor entrega a faixa presidencial caso perca a eleição?”, questiona a jornalista ao presidente da República. Em resposta, Bolsonaro usa um tom de deboche: “Você tá louca que eu fale, né? Você tá louca, meu Deus… manchete. Pelo amor de Deus” (assista abaixo).

A repórter rebate, dizendo que Bolsonaro já alegou a falta de transparência do sistema eleitoral brasileiro diversas vezes. “O senhor já falou várias vezes que esse sistema não é transparente, que o senhor não confia e só vai entregar [a faixa presidencial] com o sistema limpo”, diz.

Nesse momento, o chefe do Executivo responde que ela “também não leu o inquérito” que apurou o ataque hacker nas eleições de 2018 e, por sinal, concluiu que não ouve fraude. “Que vergonha pra vocês, um inquérito de poucas páginas, né”. Embora a profissional afirme continuamente que a pergunta não trata do inquérito, Bolsonaro segue usando o mesmo argumento. “Acabou tua cota de entrevista”, dispara.

YouTube derruba live do presidente

Os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro já são antigos. Nessa terça-feira (19), contudo, a plataforma do YouTube no Brasil decidiu punir o mandatário e tirar do ar um vídeo no qual ele questiona a segurança das urnas eletrônicas. O conteúdo mostrava o Chefe do Executivo apresentando um inquérito da Polícia Federal que apurou um suposto ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas eleições de 2018.

O conteúdo em questão foi publicado no dia 29 de julho de 2021, ocasião em que Bolsonaro sugeriu que as urnas foram fraudadas durante as eleições em que conquistou a cadeira presidencial. Ele mencionou o mesmo tema nessa segunda-feira (18), durante reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada.

“Segundo o TSE, os hackers ficaram por oito meses dentro do computador do TSE, com código-fonte, senhas – muito à vontade dentro do TSE. E [a Polícia Federal] diz, ao longo do inquérito, que eles poderiam alterar nome de candidatos, tirar voto de um e mandar para o outro”, disse no evento.

Inquérito não apontou fraude nas urnas

O inquérito a que o presidente se refere não concluiu que houve fraude no sistema de votação em 2018 ou que os resultados das eleições foram adulterados. Em nota divulgada em agosto do ano passado, o TSE explicou que o acesso dos hackers “não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018”. 

O comunicado ainda reforça que o código-fonte dos programas usados passa por diversas verificações e testes, que conseguem identificar qualquer alteração ou manipulação. Cabe dizer que as urnas eletrônicas “não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e de apuração”.

Edição: Roberth R Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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