Convocações para 7 de setembro com cunho golpista ‘explodem’ no Whatsapp, aponta UFMG

Manifestação de 7 de setembro
No dia 7 de setembro do ano passado, presidente repetiu ameaças ao STF (Alan Santos/PR)

O compartilhamento de mensagens sobre o 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, aumentou em 290% entre a última semana de junho e a o mesmo período de julho. A informação é de levantamento do Monitor de WhatsApp da UFMG, realizado a pedido da Folha de S. Paulo.

De acordo com a pesquisa, as dez mensagens mais compartilhadas no aplicativo mencionam convocações do presidente Jair Bolsonaro (PL) a apoiadores. Os conteúdos têm cunho golpista, com referências a potenciais intervenções militares e à destituição de juízes do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os recados compartilhados no WhatsApp também contam com afirmações falsas sobre as urnas eletrônicas, colocadas constantemente em xeque pelo próprio presidente da República, que nunca apresentou provas contra o sistema de votação utilizado no país.

De acordo com a Folha, dentre mil grupos públicos de WhatsApp monitorados pela UFMG, 469 enviaram mensagens relacionadas ao 7 de Setembro entre os dias 1º de junho e 1º de agosto.

Ao todo, o levantamento encontrou 4.184 mensagens sobre o tema, sendo que 69% delas quais circularam em grupos de direita, 25,9% em grupos indefinidos – “de temática política, mas não alinhados claramente a alguma ideologia” – e 5,1% em grupos de esquerda.

‘Meter o pé na porta do STF’

Ainda segundo o jornal, a mensagem mais compartilhada nas conversas monitoradas foi enviada 175 vezes, em 117 grupos. O texto se dirige diretamente a Bolsonaro, dizendo que o eleitor vai “desistir” se o presidente não apresentar uma “resposta” no dia 7 de setembro.

“Eu te elegi para você ficar contra o sistema, te dei autorização para meter o pé na porta do STF, do Congresso e de mais onde for preciso. Estou ratificando esta autorização no dia 7 de setembro”, diz o texto.

Outras duas mensagens de grande circulação convocam a população para as ruas no Dia da Independência, sustentando a importância do “futuro dos nossos filhos”.

“TEMOS QUE AGIR ANTES, NÃO DEPOIS DAS FRAUDES, DEPOIS NÃO HÁ NADA QUE SE POSSA FAZER”, diz uma delas, sugerindo que os eleitores de Bolsonaro reajam contra o sistema eleitoral antes de uma “fraude”, apesar de não haver nenhuma evidência que aponte para qualquer tipo de frauda nas eleições.

O próprio presidente da República já convocou os apoiadores para protestar contra o STF no dia. “Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez”, disse ele na convenção nacional do PL, que o oficializou como candidato à reeleição.

Último 7 de setembro

No dia 7 de setembro do ano passado, o tom das manifestações de apoiadores de Bolsonaro era parecido: Em Belo Horizonte, dentre as pautas defendidas nos atos, estava o pedido de retirada dos atuais ministros do STF, o voto impresso e a reeleição do presidente (relembre aqui).

O próprio mandatário participou de atos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na avenida Paulista, em São Paulo. Ele também repetiu ameaças ao STF e à democracia, chamando as eleições de “farsa” e dizendo que só sairia da presidência “preso ou morto”

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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