De férias em Paris, Aras é cobrado para investigar suspeitas de corrupção: ‘Vamos investigar lá?’

augusto aras
O procurador-geral da República foi cobrado para investigar ‘bolsolão do MEC’ e compra de Viagra (Reprodução/Twitter)

Augusto Aras, atual procurador-geral da República, foi constrangido durante uma viagem de férias a Paris, na tarde dessa segunda-feira (18). Imagens que circulam nas redes sociais exibem o momento em que ele é abordado na capital francesa por dois brasileiros. Os homens questionam se Aras vai investigar casos como a compra de 35 mil comprimidos de viagra para as Forças Armadas.

“E aí, procurador? Dar rolezinho em Paris é legal, e abrir processo, procurador? Ei, vamos lá investigar, procurador, ou vai continuar engavetando aí? Ei, vamos lá, procurador, fazer seu trabalho? E aí procurador, vai fazer seu trabalho? Vai abrir processo lá? Vamos investigar lá? Bolsolão do MEC [Ministério da Educação], vamos investigar pastor fazendo reunião, vamos lá investigar o Bolsonaro gastando milhões em Viagra do Exército”, dispararam.

Mesmo com o evidente incômodo de Aras, os homens continuam solicitando uma resposta. “Cadê a investigação, procurador? Cadê a investigação, procurador? Em Paris não tem nada para encontrar não, pode deixar que a gente procura, tem que procurar lá em Brasília, procurador. Tudo por uma vaguinha no STF, né, tudo por uma vaguinha”, finalizaram.

Cobranças

No final de março deste ano, um áudio do ministro da Educação, Milton Ribeiro, revelou a manipulação no repasse de verbas da Educação. Na gravação, o parlamentar afirma que aloca recursos em municípios indicados por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Por meio de nota de esclarecimento, Ribeiro negou as acusações.

“Independente de minha formação religiosa, que é de conhecimento de todos, reafirmo meu compromisso com a laicidade do Estado, compromisso esse firmado por ocasião do meu discurso de posse à frente do Ministério da Educação”, diz o comunicado. “Reafirmo o meu compromisso republicano de exercer atribuições desta Pasta em prol do Interesse Público e do futuro da Educação do Brasil”, finalizou.

Já o questionamento sobre a Viagra surge após as Forças Armadas aprovarem a compra de 35 mil comprimidos do medicamento, normalmente usado para tratar disfunção erétil. Identificado pelo nome do princípio ativo Sildenafila, o remédio teve a compra aprovada nas dosagens de 25 mg e 50 mg. A Marinha fez a encomenda do maior volume, de 28.320 comprimidos de Viagra. Outros cinco 5 mil foram aprovados para o Exército e outros 2 mil, para a Aeronáutica.

Em café da manhã com líderes evangélicos, no último dia 13, o presidente da República minimizou a compra dos comprimidos e avaliou que a quantidade “não é nada”. “Com todo respeito, não é nada a quantidade para o efetivo das três Forças. Obviamente, muito mais usado pelos inativos e pensionistas”, comentou. “A gente apanha todo dia de uma imprensa que tem muita má-fé e ignorância, não procura saber por que comprou os seus 50 mil comprimidos de Viagra”.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!