Augusto Aras, atual procurador-geral da República, foi constrangido durante uma viagem de férias a Paris, na tarde dessa segunda-feira (18). Imagens que circulam nas redes sociais exibem o momento em que ele é abordado na capital francesa por dois brasileiros. Os homens questionam se Aras vai investigar casos como a compra de 35 mil comprimidos de viagra para as Forças Armadas.
“E aí, procurador? Dar rolezinho em Paris é legal, e abrir processo, procurador? Ei, vamos lá investigar, procurador, ou vai continuar engavetando aí? Ei, vamos lá, procurador, fazer seu trabalho? E aí procurador, vai fazer seu trabalho? Vai abrir processo lá? Vamos investigar lá? Bolsolão do MEC [Ministério da Educação], vamos investigar pastor fazendo reunião, vamos lá investigar o Bolsonaro gastando milhões em Viagra do Exército”, dispararam.
Mesmo com o evidente incômodo de Aras, os homens continuam solicitando uma resposta. “Cadê a investigação, procurador? Cadê a investigação, procurador? Em Paris não tem nada para encontrar não, pode deixar que a gente procura, tem que procurar lá em Brasília, procurador. Tudo por uma vaguinha no STF, né, tudo por uma vaguinha”, finalizaram.
De férias em Paris, Aras é cobrado para investigar o governo Bolsonaro.
— Honorato 🇺🇦 (@philliphonorato) April 19, 2022
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Cobranças
No final de março deste ano, um áudio do ministro da Educação, Milton Ribeiro, revelou a manipulação no repasse de verbas da Educação. Na gravação, o parlamentar afirma que aloca recursos em municípios indicados por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Por meio de nota de esclarecimento, Ribeiro negou as acusações.
“Independente de minha formação religiosa, que é de conhecimento de todos, reafirmo meu compromisso com a laicidade do Estado, compromisso esse firmado por ocasião do meu discurso de posse à frente do Ministério da Educação”, diz o comunicado. “Reafirmo o meu compromisso republicano de exercer atribuições desta Pasta em prol do Interesse Público e do futuro da Educação do Brasil”, finalizou.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
— Milton Ribeiro (@mribeiroMEC) March 22, 2022
Diferentemente do que foi veiculado, a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). (1/10)
Já o questionamento sobre a Viagra surge após as Forças Armadas aprovarem a compra de 35 mil comprimidos do medicamento, normalmente usado para tratar disfunção erétil. Identificado pelo nome do princípio ativo Sildenafila, o remédio teve a compra aprovada nas dosagens de 25 mg e 50 mg. A Marinha fez a encomenda do maior volume, de 28.320 comprimidos de Viagra. Outros cinco 5 mil foram aprovados para o Exército e outros 2 mil, para a Aeronáutica.
Em café da manhã com líderes evangélicos, no último dia 13, o presidente da República minimizou a compra dos comprimidos e avaliou que a quantidade “não é nada”. “Com todo respeito, não é nada a quantidade para o efetivo das três Forças. Obviamente, muito mais usado pelos inativos e pensionistas”, comentou. “A gente apanha todo dia de uma imprensa que tem muita má-fé e ignorância, não procura saber por que comprou os seus 50 mil comprimidos de Viagra”.