Publicações do general-comandante Eduardo Villas Bôas sobre o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que será realizado nesta quarta-feira (4) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), repercutem na web ao longo das últimas horas.
Na noite dessa terça (3), o general questionou por meio do Twitter se alguém “está preocupado apenas com interesses pessoais”. Na sequência ele postou que o “Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”, fazendo alusão ao julgamento de Lula.
O conteúdo das publicações causou espanto em alguns, visto que poderia ser uma forma de pressionar os magistrados do STF para não conceder o habeas corpus ao petista.
Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) 3 de abril de 2018
Para Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, as publicações do general não foram boas. “Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente”, disse.
Isso definitivamente não é bom. Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente. https://t.co/IPqcgOLwAb
— Rodrigo Janot (@Rodrigo_Janot) 4 de abril de 2018
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) acusou o general de “chantagear o STF” defendendo assim sua posição. Ao contrário dele, o presidenciável Jair Bolsonaro foi ao encontro do que disse o general e afirmou que “o partido do Exército é o Brasil”.
O partido do Exército é o Brasil. Homens e mulheres, de verde, servem à Pátria. Seu Comandante é um Soldado a serviço da Democracia e da Liberdade. Assim foi no passado e sempre será. Com orgulho: “Estamos juntos General Villas Boas.” Jair Bolsonaro / Capitão / Deputado Federal.
— Jair Bolsonaro (@jairbolsonaro) 4 de abril de 2018
As mensagens do general Villas-Boas nas suas redes sociais são inadmissíveis. Não é papel d um comandante do exército fazer chantagem ao Supremo Tribunal Federal. Todos nós q defendemos a democracia temos q repudiar essa atitude ilegal e ficar ao lado da presunção de inocência. pic.twitter.com/bKuT9eHlEZ
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) 4 de abril de 2018
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que seu partido defende o combate à impunidade e o respeito à Constituição. “O respeito à Constituição implica na garantia da presunção de inocência”.
Ministro tranquiliza população
Em entrevista ao “O Globo” o ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, disse que Villas Boas não defendeu o uso da força e que por conta disso a população “pode ficar tranquila”.
O STF retomará a partir das 14h o julgamento do habeas corpus no qual a defesa de Lula tenta impedir eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal.
TRF-4 ‘curte’ post de general
Um dos posts do comandante do Exército foi curtido pela conta oficial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região no Twitter. Horas depois, o TRF-4 informou pela rede social que “não se manifestou por meio de curtida em nenhum tuíte nos dias 02 e 03 de abril”.
O TRF4 informa que não se manifestou por meio de curtida em nenhum tuíte nos dias 02 e 03 de abril. Estamos verificando o que ocorreu na página do twitter, tendo em vista que foram identificadas curtidas não realizadas pelos gestores do @TRF4_oficial.
— TRF da 4ª Região (@TRF4_oficial) 4 de abril de 2018