Japonês da PF, que cumpriu pena, vai presidir partido que diz combater corrupção

O agente federal Ishii ganhou fama conduzindo presos ilustres da Operação Lava-jato

O Partido Ecológico Nacional (PEN), que tem como lema principal o combate à corrupção, causa polêmica ao ter como presidente da agremiação no Paraná, o agente aposentado da Polícia Federal (PF) Newton Ishii, o Japonês da Federal, como ficou conhecido. Ishii foi condenado por integrar uma organização criminosa que ajudava na entrada de contrabando no país em Foz do Iguaçu (PR), em 2009, e só começou a cumprir sua pena em 2016, quando já era famoso.

A fama não foi por bravura no desempenho da função, mas, ironicamente, por ser o responsável por escoltar presos ilustres da Operação Lava-Jato durante dois anos seguidos, em Curitiba (PR), onde era o responsável pela carceragem da PF. Um função que lhe foi designada em razão de sua carreira marcada por sindicâncias e até uma exclusão da corporação, que depois foi revista pela Justiça.

Os dois anos que Ishii passou trabalhando na carceragem da PF do Paraná foram por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que considerou sua aposentadoria ilegal. Faltavam dois anos para a concessão do benefício. Um benefício que ele requereu em 2009, antes da sua condenação e que evitou que ele fosse expulso da corporação. Ishii foi condenado a quatro anos e dois meses de detenção em regime semi-aberto.

Experiência de ser preso

Por ironia do destino, Ishii experimentou a mesma sensação dos presos ilustres que escoltou à cela, quando no dia 7 de junho de 2016, foi preso para dar início ao cumprimento da pena, que foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Sem vaga no semiaberto, o Japonês foi beneficiado com a colocação de uma tornozeleira que lhe permitiu cumprir pena em casa.

As restrições impostas a Ishii se restringiram à proibição de sair de casa entre 23h e 5h e nos fins de semana. Ele usou a tornozeleira até outubro de 2016. Logo depois, saiu de férias da PF e se aposentou.

Antes, no entanto, quando ainda trabalhava na PF, gerou mais polêmica como suspeito de ter causado o vazamento da delação premiada do senador do Delcídio do Amaral, então do Partido dos Trabalhadores (PT). A suspeita não se materializou em provas e Ishii pode executar seus planos tranquilamente.

Tietagem no Congresso

Logo depois de se aposentar, o Japonês foi tietado no Congresso por vários líderes partidários interessados em ter o federal famoso em seus quadros para uma candidatura política. Ishii até se entusiasmou, mas agora diz que não quer seguir a carreira política mesmo depois de assumir sua filiação ao PEN e a sua presidência. Diz que quer apenas trabalhar.

Maria Clara Prates

Formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG). Trabalhou no Estado de Minas por mais de 25 anos, se destacando como repórter especial. Acumula prêmios no currículo, tais como: Prêmio Esso de 1998; Prêmio Onip de Jornalismo (2001); Prêmio Fiat Allis (2002) e Prêmio Esso regional de 2009.

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