Menina veste rosa, menino azul e ‘veto’ a cadeiras vermelhas: As polêmicas do governo Bolsonaro

Reprodução/Instagram/Facebook

Os primeiros dias do governo Bolsonaro (PSL) parecem dar o tom do que está por vir no Brasil. Logo após a posse do novo presidente, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Alves, virou assunto por conta de um vídeo em que diz que “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”. O posicionamento dividiu opiniões nas redes sociais e tem dado o que falar. Outra ação do governo, também relacionada a cores, tornou-se alvo de polêmica: cadeiras vermelhas do Palácio da Alvorada foram trocadas por azuis a pedido de Bolsonaro.

O vídeo em que Damares aparece viralizou pelo Facebook e no Twitter ao longo dessa quinta-feira (3). Nele, é possível vê-la cercada por um grupo de pessoas enquanto tenta falar. “É uma nova era no Brasil: menino veste azul, menina veste rosa”, disse antes de ser aplaudida por quem acompanhava o momento. Já no discurso de transmissão do cargo, a pastora-advogada também polemizou. Disse que o “Estado é laico”, mas “esta ministra é terrivelmente cristã”, dando a entender que as decisões podem ser influenciadas pelas crenças dela.

Internautas de diferentes partes do país repercutiram as falas de Damares. Em meio a mensagens de revolta e indignação, outros encontraram na “zoeira” uma forma de discordar da ministra. Milhares de mulheres e homens vestindo azul e rosa, respectivamente, aparecem em fotos publicadas na internet. O cantor Caetano Veloso foi um dos famosos a aderir à “campanha”. Outro que fez coro foi o candidato do PT à presidência, nas eleições de 2018, Fernando Haddad. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais também se manifestou por meio de nota. O texto diz que a declaração da ministra “fere a liberdade individual, o direito à autodeterminação e a dignidade da população trans”.

Na noite dessa quinta-feira (3), Damares foi entrevistada no “Jornal das Dez”, na GloboNews, e disse não se arrepender da fala que gerou polêmica. Ela disse que fez uma metáfora e que a intenção era afirmar que a “identidade biológica das crianças será respeitada”. “De jeito nenhum. Foi uma metáfora. Nós temos no Brasil o ‘Outubro Rosa’, que diz respeito ao câncer de mama com mulheres, temos o ‘Novembro Azul’, que é com relação ao câncer de próstata com o homem. Então quando eu disse que menina veste cor de rosa e menino veste azul, é que nós vamos estar respeitando a identidade biológica das crianças”, explicou a ministra.

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Relendo o maior educador brasileiro com a camisa da cor errada. Foi mal!

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Durante o programa, ela ainda falou sobre políticas públicas para pessoas LGBTI’s e disse que nenhum direito conquistado pela comunidade será violado pelo governo Bolsonaro. E explicou também o fato de que a pessoas LGBTI’s não foram mencionadas em uma Medida Provisória assinada por Bolsonaro, o que representaria a exclusão desse grupo em políticas e diretrizes relacionadas à promoção dos direitos humanos. Segundo Damares, o que houve foi apenas uma mudança de nome da secretaria responsável.

“A MP trouxe oito secretarias, entre elas, a Secretaria de Proteção Global, e hoje foi publicado o decreto que detalha o que tem em cada secretaria. Está lá mantida a diretoria da proteção à comunidade LGBT, não foi mexida em nada. Nós tivemos uma reunião durante a transição, com a comunidade LGBT, e a diretoria destinada à comunidade LGBT vai focar no combate à violência contra a comunidade LGBTI. Então, ela está lá, inclusive com os mesmos funcionários, ela só mudou o nome”, disse Damares. Bolsonaro também comentou o assunto, no Twitter.

Mudança e troca de cadeiras

Nessa quinta-feira (3), o presidente Bolsonaro e a primeira-dama Michelle se mudaram para o Palácio da Alvorada. Michelle foi quem decidiu, já que Bolsonaro tinha preferência por mudar-se para a Granja do Torto. A mudança do casal virou assunto, mas uma alteração na residência acabou se sobressaindo.

Cadeiras vermelhas que estavam no Palácio foram retiradas e trocadas por azuis, o que teria ocorrido a partir de um pedido de Bolsonaro. A Presidência, no entanto, nega que a ordem tenha partido dele. “Não houve nenhum pedido para mudança de mobiliário. As cadeiras azuis são do acervo original do Palácio da Alvorada, da artista Anna Maria Niemeyer, e estavam ocupadas em função da posse presidencial. Já as cadeiras vermelhas são reservas e ficarão no depósito”, explicou.

Rafael Franzoni/TV Globo

Na web, a troca de cadeiras e as falas da ministra Damares viraram combustível para oposição. “Além da fixação com Lula, com o PT e com o ‘kit gay’, agora o governo também tem obsessão pelas cores”, escreveu um rapaz. “Gente, prioridades para o Brasil é falar sobre cores. Daqui a pouco lançam uma marca de lápis de colorir”, ironizou outro.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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