O ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) fez duras críticas às falas do deputado estadual Arthur do Val (Podemos), conhecido como “Mamãe Falei”. O pré-candidato à presidência disse que o conteúdo do áudio vazado é “inaceitável” e que não dividirá palanque com pessoas que têm esse comportamento.
O repúdio de Moro se refere às declarações machistas de Arthur em relação às mulheres da Ucrânia. No áudio vazado pelo colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, ele chegou a insinuar que as ucranianas “são fáceis porque são pobres”. “As declarações são incompatíveis com qualquer homem público”, disse o ex-juiz em nota oficial.
“Tenho uma vida pautada pela correção e pelo respeito a todos – tanto no campo público quanto na vida privada. Portanto, jamais comungarei com visões preconceituosas, que podem inclusive ser configuradas como crime”, acrescenta.
As declarações são incompatíveis com qualquer homem público. Tenho uma vida pautada pela correção e pelo respeito a todos –tanto no campo público quanto na vida privada. ➡️
— Sergio Moro (@SF_Moro) March 4, 2022
… porque além de todos os problemas diários enfrentados, precisam conviver com os horrores da guerra. Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas que têm esse tipo de opinião e comportamento. ➡️
— Sergio Moro (@SF_Moro) March 4, 2022
Além de lamentar as declaração, Sérgio Moro também cobrou um posicionamento do Podemos, onde ele e Arthur do Val estão filiados. “Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige”, disse.
Podemos abre processo
A deputada federal Renata Abreu, presidente nacional do Podemos, classificou como inaceitáveis as declarações de Arthur do Val sobre as mulheres ucranianas. Ela confirmou em nota publicada nas redes sociais nessa sexta-feira (4), que foi instaurado um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos.
“Gravíssimas e inaceitáveis são as declarações do deputado estadual Arthur do Val, que foram divulgadas na imprensa. Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra”, acrescentou Renata.
Entenda o caso
No início da noite de ontem (4), o colunista Igor Gadelha divulgou com exclusividade uma série de áudios atribuídos ao deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) e dirigidos a membros do MBL (Movimento Brasil Livre). Nas conversas, o político se refere às refugiadas da Ucrânia com declarações machistas e chega a insinuar que as ucranianas “são fáceis, porque são pobres”.
“Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’, e é inacreditável a facilidade”, diz o deputado, que é pré-candidato ao governo de São Paulo.
Em áudio, Mamãe Falei diz que ucranianas “são fáceis, pois são pobres”
— Metrópoles (@Metropoles) March 4, 2022
Pré-candidato do Podemos ao Palácio do Bandeirantes, aliado de Sergio Moro, Arthur do Val está na Ucrânia sob pretexto de ajudar refugiados.
Leia na coluna @igorgadelham https://t.co/XGBnY9dtPH pic.twitter.com/8TwJHFvPFp
Durante a noite de ontem, a deputada estadual Isa Penna (Psol-SP) comunicou nas redes sociais que enviou uma denúncia contra Arthur do Val ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Ainda ontem, a namorada de Arthur do Val, Giulia Blagitz, anunciou o fim do namoro com o político.
Deputado se justifica
Em meio a muitas polêmicas, o deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) desembarcou no Brasil na manhã deste sábado (5) após viajar para a zona de guerra na Ucrânia. Em conversa com a imprensa no saguão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, “Mamãe Falei” comentou o vazamento dos áudios.
“Foi errado, não é isso o que eu penso. Falei besteira! Sou homem para assumir. Foi um áudio machista, assumo, peço desculpas a todas as mulheres”, disse ele. “Se as pessoas quiserem me julgar têm esse direito. Peço só que entendam o contexto, são dois contextos diferentes — uma coisa é o Arthur que foi lá, fez a missão e saiu. Outra coisa é o Arthur que já tinha saído e mandou um áudio num grupo privado para os amigos dele”, acrescentou o deputado.