STF tem maioria para manter prisão de suspeitos de mandar matar Marielle Franco

Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão (União Brasil/RJ) teriam sido autores intelectuais; já o delegado Rivaldo Barbosa teria obstruído a investigação (Reprodução/TV Globo + TV Câmara + Agência Brasil)

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos, ainda na madrugada desta segunda-feira (25), para referendar a decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes de manter presos três suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). O crime foi em março de 2018.

Até as 7h de hoje, já haviam votado a favor da manutenção das prisões a ministra Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, além do próprio Alexandre de Moraes. A votação termina às 23h59 e ainda faltam os votos de Luiz Fux e Flávio Dino, no entanto, com a maioria, os três seguem presos e as medidas cautetares de outros 4 suspeitos continuam ativas.

Na manhã desse domingo (24), a operação Murder Inc. cumpriu três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todos na cidade do Rio de Janeiro. Foram presos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Chiquinho Brazão, deputado federal pelo Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio.

“Natureza política”

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, falou na tarde de ontem (24) sobre a operação que parece, enfim, responder à pergunta feita há seis anos: quem mandou matar Marielle e por quê? Ele destacou que o assassinato da vereadora é um crime “odioso, hediondo e de natureza política”.

Lewandowski foi enfático ao elogiar a atuação da Polícia Federal diante da complexidade e da notoriedade do caso, que é de conhecimento internacional. Ele também destacou a agilidade do ministro Alexandre de Moraes após receber o inquérito e determinar as prisões.

“Este momento é extremamente significativo. É uma vitória para o estado brasileiro, das nossas Forças de Segurança, com relação ao combate ao crime organizado”.

Ainda segundo o ministro, esta fase da operação está encerrada neste momento até que surjam novos elementos para a investigação.

“Nós temos bem claro os executores deste crime, podemos dizer odioso, por ser um crime de natureza política. A Polícia identificou os mandantes e os demais envolvidos nesta questão”.

Quem são os alvos de ação que investiga mandantes da morte de Marielle

O conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil/RJ) teriam sido autores intelectuais dos assassinatos. Já o delegado Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do crime e teria prometido obstruir a investigação.

Domingos Brazão

Além de político de longa data, Domingos Inácio Brazão é empresário no ramo dos postos de combustíveis no Rio de Janeiro. Começou na política filiado ao PL, passou pelo PTdoB e MDB. Foi deputado estadual por quatro mandados, até 2015. Em seguida, tornou-se conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), cargo que ocupa atualmente. Além de deputado estadual, foi vereador pela capital fluminense e candidato a prefeito di Rio em 2000, quando teve mais de 36 mil votos.

Chiquinho Brazão

Irmão de Domingos Brazão, mais conhecido como Chiquinho Brazão, é deputado federal (União Brasil) e também é empresário do ramo de postos de combustíveis. Nas eleições de 2018, foi candidato a deputado federal pelo Avante e foi eleito com 25.817 votos. Em 2022, foi reeleito pelo União Brasil.

Rivaldo Barbosa

O delegado Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes dos assassinatos de Marielle e Anderson. Ele foi nomeado ao cargo pelo então interventor federal, Walter Braga Netto. Segundo as investigações, Rivaldo teria planejado meticulosamente o crime e se comprometido a obstruir as investigações.

Érika Andrade de Almeida Araújo

A esposa de Rivaldo Barbosa, ex-diretor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Érika Andrade de Almeida Araújo, também foi alvo de ordem de busca e apreensão na operação de hoje. Ela entregou seus telefones, teve bens bloqueados, será monitorada por tornozeleira eletrônica, está proibida de falar com os outros investigados e teve que entregar o passaporte às autoridades.

Marco Antônio Barros

Comissário do Polícia Civil do Rio de Janeiro, Marco Antônio Barros teve bens bloqueados, celulares apreendidos e será monitorado por tornozeleira eletrônica, além das demais medidas cautelares também aplicadas a Érika Andrade.

Ele teria atuado em vários momentos em que a investigação foi obstruída, protegendo os principais suspeitos.

Robson Calixto Fonseca

Robson Fonseca, assessor do TCE do RJ, órgão em que o suposto mandante Domingos Brazão atuava como conselheiro, é outro investigado que teve imóveis e veículos vistoriados na manhã de hoje. Além da tornozeleira eletrônica, Fonseca deverá cumprir todas as outras cautelares impostas aos demais investigados.

Giniton Lages

A ação da Polícia Federal também mirou Giniton Lages, um dos delegados que atuaram na investigação do assassinato de Marielle. Após deixar o caso, ele chegou a escrever e publicar um livro sobre a morte da vereadora.

Giniton esteve à frente do caso na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Depois que foi trocado, escreveu o livro “Quem matou Marielle? Os bastidores do caso que abalou o Brasil e o mundo, revelados pelo delegado que comandou a investigação”.

Ao todo, 296 páginas contam alguns bastidores da investigação. Em um dos sites onde o livro é vendido, há a descrição de que as pessoas vão saber “em detalhes como foi esse trabalho de apuração do crime, acompanhando os bastidores do caso na visão de Giniton Lages, o primeiro delegado designado para a tarefa e que enfrentou diversas dificuldades para a elucidação do homicídio”.

Assim como os demais investigados que não foram presos hoje, Giniton deverá usar tornozeleira eletrônica, tece celulares e passaportes apreendidos, bens bloqueados e está proibido de se comunicar com os outros suspeitos de envolvimento no crime e na obstrução do inquérito.

Sinara Peixoto

Formada em Comunicação Social com Ênfase em Jornalismo no Centro Universitário de Belo Horizonte e com pós-graduação na PUC Minas em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. Atuou como editora na CNN Brasil, desde a estreia do veículo no país, e na edição do Portal BHAZ. Também despenhou várias funções ao longo de 7 anos na TV Record Minas, onde entrou como estagiária.

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