O governador Romeu Zema (Novo) disse nesta quinta-feira (28) em entrevista ao Café com Política, da Rádio Super 91,7 FM, que a distribuição de cestas básicas pelo Estado a pessoas em situação de vulnerabilidade social deve ser temporária, e, segundo ele, não “um modo de vida”.
A declaração foi uma crítica às políticas de assistência social da Prefeitura de Belo Horizonte, da qual seu principal adversário, Alexandre Kalil (PSD) foi titular até março deste ano.
Zema avalia que a assistência só deve ser dada pelo Estado quando necessário. “Em um momento de desemprego elevado e em um momento de pandemia, faz todo sentido, mas o que as pessoas querem e nós estamos trazendo para Minas Gerais é realmente oportunidade”, disse o governador.
O governador afirmou, ainda que, durante a pandemia de Covid-19, o Estado concedeu o Auxílio Emergencial Mineiro, em parcela única, de R$ 600. O governador se referia ao “Força Família”, benefício criado pela ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) e pago a mais de um milhão de famílias em extrema pobreza, com renda mensal de até R$ 89 por pessoa. O Projeto de Lei (PL) 2.442/21 era de autoria coletiva dos 77 deputados e tinha como primeiro signatário o presidente, deputado Agostinho Patrus.
‘Força família’ foi alvo de disputa
Em janeiro de 2021 o presidente do Legislativo, Agostinho Patrus (PSD), apresentou o Plano Recomeça Minas, que teve o apoio dos demais deputados
O projeto de lei que concedia uma série de incentivos fiscais para os setores da economia mais atingidos pela pandemia e criava um programa de refinanciamento de dívidas tributárias.
Na reta final da tramitação da proposta em abril, Patrus apresentou uma emenda, com apoio de praticamente todos os parlamentares. Ela inseria no projeto um pagamento de R$ 500 para as famílias em extrema pobreza no Estado.
Com o texto aprovado em primeiro turno, o governo fez uma publicação nas redes sociais com uma foto de Zema anunciando o pagamento do auxílio, o que acabou por irritar alguns parlamentares.
O presidente da Assembleia não deixou por menos.
“Governador Zema, se apropriar indevidamente de uma iniciativa sem consentimento do proprietário é crime previsto no Código Penal. Na vida, dar crédito pelas ideias é importante. Na vida pública, dar crédito é imprescindível, porque desafios só são superados quando somamos forças”, escreveu o presidente da ALMG, em suas redes sociais.
O deputado foi além e propôs uma nova emenda, aumentando o valor do benefício de R$ 500 para R$ 600, que também foi aprovada. Posteriormente, o projeto foi sancionado por Zema e virou lei. O governador acabou se desculpando e disse que o projeto era da ALMG.
Kalil responde Romeu Zema
Alexandre Kalil (PSD) respondeu a Zema nesta ainda nesta quinta-feira. Em encontro na cidade de João Pinheiro, no noroeste do estado, ele disse que o governador critica as políticas sociais adotadas em Belo Horizonte porque “prefere a fome”.
“O atual governador é contra cesta básica. Ele pensa que cesta básica é muito ruim, porque talvez a fome seja melhor. Ele prega que nós precisamos do trabalhador e não da cesta básica, e todos nós aqui concordamos, mas o trabalhador está abandonado pelo estado. Então se ele é contra cesta básica e abandona o trabalhador, ele é favor de que? Dos bilionários que governam o Estado hoje”, ironizou Kalil.