Refúgio climático é inaugurado no Centro de BH; ação é marcada por protesto

Ação faz parte do projeto Centro de Todo Mundo, que busca revitalizar espaços públicos da capital (Thiago Cândido/BHAZ)

A Prefeitura de Belo Horizonte entregou, na manhã desta segunda-feira (17), o primeiro refúgio climático da cidade. Inspirada nos “Cooling Places” de Paris, na França, o espaço consiste numa área de resfriamento natural e foi instalada na rua dos Carijós, 679, no Centro.

Com uma área de 25,61 metros quadrados, o refúgio climático conta com pisos permeáveis e gramado para infiltração da água da chuva, técnicas de refrigeração passiva e uma árvore no meio da estrutura. Pelo espaço também foram instalados bebedouros, bicas e uma espreguiçadeira, que serve de ponto de descanso para o público.

A auxiliar técnica Rosilene Maria da Silva, 48, se surpreendeu com a novidade no hipercentro da capital mineira. “Tem que espalhar isso pela cidade, pelo país, porque é benefício pra todo mundo”, diz. “Eu estou em crise de asma, cheia de bombinha a bolsa. Pra quem tá passando por isso é maravilhoso”.

O entusiasmo de Rosilene ganha força frente à estação nebulizadora do refúgio. Através de acionamento por botão, o totem instalado no local dissipa uma névoa refrescante temporária. A estrutura ainda conta com três bicas de água, destinadas a adultos, crianças e pets.

O planejamento do abrigo climático também levou em consideração a espécie de árvore plantada no local. Para o primeiro refúgio de BH, foi escolhido o Oiti, também chamado de Goiti (Licania tomentosa). A definição considerou questões dimensionais de altura da copa e profundidade das raízes, além do perímetro de sombra produzida.

Centro de Todo Mundo

A concepção do primeiro refúgio climático de BH integra o projeto Centro de Todo Mundo, da PBH. A iniciativa busca requalificar a região central através da revitalização de praças, ampliação de vias, alteração em circuitos de mobilidade, dentre outras ações.

Segundo a Prefeitura, o abrigo da rua dos Carijós foi executada por meio de compensação ambiental. As construções do banco e da espreguiçadeira foram feitas em impressora 3D, gerando zero resíduo para a cidade.

Ainda de acordo com o Executivo municipal, há a previsão de entrega de outros quatro refúgios até o final de 2024. Eles estarão na avenida Olegário Maciel, na avenida Amazonas e dois na rua dos Caetés. Venda Nova e Barreiro também devem receber instalações, mas sem previsão até o momento.

Protesto na inauguração

Debaixo de sol, a inauguração do refúgio climático em BH foi marcada por protesto. Enquanto o público se familiarizava com a novidade, o engenheiro ambiental Felipe Gomes discursava contra a “política antiambiental” do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD).

“A gente precisa de políticas efetivas de enfrentamento às mudanças climáticas, sim. A gente precisa de refúgios climáticos, sim. Porém, a solução apresentada pela Prefeitura é extremamente cara e inefetiva. Ainda mais quando a gente tem outras ações completamente antagônicas e recentes”, diz.

(Thiago Cândido/BHAZ)

Felipe relembra o imbróglio entre a PBH e a Universidade Federal de Minas Gerais, sobre a realização da Stock Car na capital. Assim como a instituição de ensino, o engenheiro alerta para os enormes impactos negativos da corrida nas atividades acadêmicas, fauna e flora da região da Pampulha.

“Se quer colocar asfalto na cidade toda, por que não coloca asfalto drenante?”, questiona. “Não é a melhor ideia fazer um ‘refúgio climático’ debaixo de uma árvore, principalmente um prefeitura que no ano passado cortou oito mil árvores”, relembra.

Imagens do refúgio climático de BH

Thiago Cândido[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais. Colunista no programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Estagiário do BHAZ desde setembro de 2023.

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