O Ministério da Saúde recomendou, no final do ano passado, que a vacinação da população abaixo de 40 anos contra a Covid-19 aconteça preferencialmente com imunizantes que não sejam da AstraZeneca. A medida veio após a notificação de casos suspeitos de trombose.
A análise feita pela coordenação-geral do Programa Nacional de Imunizações levou em consideração os relatos de casos de trombose em países que aplicaram AstraZeneca/Osford. Lugares como Áustria, Dinamarca e Noruega suspenderam temporariamente o uso do imunizante pela incidência da síndrome.
Segundo a nota técnica publicada pelo Ministério da Saúde sobre a recomendação em relação à AstraZeneca, os casos de trombose em outros países aconteceram, em sua maioria, dentro de um período de 30 dias após a vacinação.
“As formas clínicas mais frequentemente reportadas foram de trombose de seio venoso cerebral (ou trombose venosa cerebral), mas também há relatos de trombose de veias intrabdominais, tromboembolismo pulmonar e tromboses arteriais. Pode ocorrer sangramento de forma significativa e inesperada”, explicou a pasta.
Casos de trombose após a vacina
Até setembro do ano passado, notificaram-se 98 casos de suspeita de trombosa com relação temporal com as diferentes vacinas contra a Covid-19. Dentre eles, 34 acabaram sendo confirmados, 17 eram prováveis e 47 se tratavam de possíveis casos.
Observou-se, também, uma aparente incidência aumentada entre pessoas abaixo de 40 anos de idade. Alem disso, o programa monitorou 19 óbitos por trombose confirmados, 2 prováveis e 5 possíveis.
Em relação aos casos prováveis e confirmados, quase todos eles aconteceram após aplicação da primeira dose das vacinas AstraZeneca e Janssen, com incidências parecidas entre elas. Dois casos ocorreram após a segunda dose e, no final de 2022, o relatório passou a observar a possibilidade com as doses de reforço.
Os imunizantes da AstraZeneca e da Janssen são considerados vacinas de vetor viral não replicante. Em alguns casos, ocorre uma “resposta imunológica contra o fator plaquetário 4,
que levaria a um grande aumento na ativação e consumo plaquetários”, disse o documento.
Ministério da Saúde recomenda outras vacinas
Além disso, segundo a coordenação-geral do Programa Nacional de Imunizações, estudos de fase 4 identificaram sinais de segurança para uma possível associação entre as vacinas e a ocorrência de casos de SGB (Síndrome de Guillain–Barré).
Levando em consideração o risco de incidência das duas doenças mencionadas, o Ministério da Saúde associou as vacinas de vetor viral à “ocorrência de raros casos de eventos adversos graves, em particular com a primeira dose destas vacinas e nas faixas etárias mais jovens”.
Dessa forma, a pasta recomendou que em pessoas abaixo de 40 anos sejam administradas preferencialmente vacinas contra a Covid-19 que não sejam de vetor viral, que é o caso da AstraZeneca e da Janssen.