Trabalhador escravizado é obrigado a tatuar iniciais dos patrões em Minas Gerais

28/04/2025 às 18h26
(Reprodução/MTE)

Uma ação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Auditoria Fiscal do Trabalho, resgatou duas pessoas submetidas a condições análogas à escravidão no município de Planura, na região do Triângulo Mineiro. Uma das vítimas, um homem de 32 anos, foi obrigado a tatuar no corpo as iniciais dos patrões. Três foram presos.

A operação, que contou com participação do do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Polícia Federal (PF) e acompanhamento da Clínica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo do Centro Universitário Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), ocorreu entre os dias 8 e 15 de abril.

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A fiscalização foi desencadeada a partir de uma denúncia, que apontava graves violações de direitos humanos. Os relatos indicavam sinais de trabalho forçado, cárcere privado, exploração sexual e violência física e psicológica.

Durante a inspeção, a equipe de auditores identificou que as vítimas, um homem homossexual e uma mulher transgênero, ambos de nacionalidade uruguaia, foram aliciadas por meio de redes sociais. Os empregadores usavam plataformas para abordar pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva, prometendo falsas oportunidades de trabalho, moradia e acolhimento.

“As abordagens exploravam principalmente membros de comunidades LGBTQIAPN+, com o objetivo de estabelecer vínculos de confiança e, posteriormente, promover situações abusivas e degradantes”, informou o MPT em nota.

As vítimas foram traficadas para a região e submetidas a jornadas exaustivas, sem remuneração e em condições precárias de moradia. Um dos resgatados foi mantido por aproximadamente nove anos como empregado doméstico, sem registro em carteira, sofrendo violência física, sexual e psicológica. A equipe constatou ainda que ele foi coagido a fazer uma tatuagem com as iniciais dos patrões, como símbolo de posse.

A outra vítima, uma mulher trans migrante, também foi levada ao local por meio de falsas promessas e inserida em um vínculo de trabalho doméstico informal. “Ela relatou ter vivido em um ambiente opressor, sem salário adequado e sob constante intimidação. Durante o período em que esteve na casa dos empregadores, chegou a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), possivelmente causado pelo estresse e pelas violências presenciadas”, completa o texto.

A Polícia Federal efetuou a prisão em flagrante de três homens identificados como empregadores. Já as vítimas estão sendo acolhidas pela Clínica de Enfrentamento ao Trabalho Escravo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pela UNIPAC, que oferecem assistência médica, psicológica e jurídica.

Isabella Guasti

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

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Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

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