‘Não é possível escolher’, diz secretário de BH ao pedir que todos tomem vacinas disponíveis

Jackson Machado
‘Vacina no braço, todas são eficazes’, declarou Jackson Machado (Moisés Teodoro/BHAZ)

O secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, fez um apelo para que a população da capital mineira não tente escolher a vacina contra a Covid-19 a ser tomada. Ele reforçou que todas são eficazes contra a doença e pediu que todo belo-horizontino receba o imunizante que estiver disponível no momento da vacinação.

“As vacinas são eficazes e não é possível escolher qual vacina tomar. Quando escolhemos o público [para ser vacinado] é porque temos a relação de pessoas e de vacinas”, declarou o secretário, em coletiva de imprensa da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) nesta quinta-feira (1º).

Jackson Machado ainda disse que não quer repetir em BH o que foi feito em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O prefeito da cidade anunciou ontem que quem se recusar a tomar a vacina contra a Covid-19 disponível no posto onde se cadastrou será colocado automaticamente no final da fila da vacinação e defendeu que “não dá para escolher vacina” (veja mais detalhes abaixo).

“Não queremos fazer em BH o que foi feito em São Bernardo do Campo da pessoa ir para o último lugar da fila e voltar somente quando a última pessoa de 18 anos se vacinar. Vacina no braço, todas são eficazes. Temos visto queda de casos e internações, já é o reflexo da vacinação”, declarou o secretário de Saúde de Belo Horizonte ao fazer o apelo, além de pedir que a população se lembre de tomar a segunda dose dos imunizantes.

Sem cronograma

Jackson Machado também reforçou que BH não terá um cronograma com datas definidas para a vacinação de cada público, já que não se sabe com certeza quantas doses de imunizantes chegarão a cada remessa. “Não é correto fazer cronograma, pois será certamente descumprido e cria expectativa falsa e isso é brincar com o sentimento das pessoas”, afirmou.

Questionado se a vacinação em BH seria acelerada, o secretário disse que não sabia responder, “pois as doses, por exemplo, chegaram ontem no estado e não sabemos quantas vamos receber”. “A última foi 6,5% [parte da remessa recebida pelo Governo de Minas que foi enviada a Belo Horizonte]. Não sei qual percentual vai ser destinado”, completou.

São Bernardo do Campo

O prefeito de São Bernardo do Campo, em São Paulo, Orlando Morando (PSDB), anunciou ontem (30) que quem se recusar a tomar a vacina contra a Covid-19 disponível no posto onde se cadastrou será colocado automaticamente no final da fila da vacinação. Segundo ele, a pessoa deverá assinar um termo de responsabilidade que a coloca no fim da campanha. Caso ela se recuse a assinar, duas testemunhas que estão trabalhando no posto assinarão o termo pela pessoa.

“Não dá para escolher vacina. Você fez o agendamento, chegou, você tome a vacina que esta lá, como eu. Eu agendei, no dia que eu fui agendado era Coronovac e tomei Coronavac”, disse o prefeitobdurante a transmissão de uma live em uma rede social. Ele foi vacinado no último sábado (26), junto com a sua esposa, a deputada Carla Morando (PSDB).

A pessoa que se recusar poderá ser vacinada quando o último adulto de 18 anos receber a imunização. “Quem se recusar a tomar a vacina que está disponível naquele posto vai ser submetido um documento para que você assine. Se você se recusar a assinar, duas testemunhas que estão trabalhando assinarão, dando fé, e estas pessoas que se recusarem a tomar a vacina no dia serão submetidas ao fim da campanha de imunização. O que vai ser feito? Quando você vai tomar a sua vacina? Quando ser vacinado o último adulto de 18 anos”, explica.

“Eu tenho insistido que vacina não é para escolher. Você lembra da marca da vacina que você tomou de gripe? Não lembra. Você lembra quando era jovem, a vacina que sua mãe te deu de sarampo, rubéola, poliomielite, BCG, ninguém nunca pediu marca de vacina. Por que agora, no meio da maior pandemia da humanidade, as pessoas querem escolher vacina?”, questiona.

Eficácia da vacinação

O avanço da vacinação contra a Covid-19 já produz impacto na mortalidade causada pela doença e na ocupação de leitos nas unidades de tratamento intensivo (UTI), segundo edição extraordinária do Boletim Observatório Covid-19, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), divulgada ontem.

Apesar da manutenção de níveis altos de transmissão da doença, em um patamar estável ainda mais elevado que o do ano passado, os pesquisadores observaram queda na incidência de mortes. A razão para esse descolamento nas tendências, segundo o boletim, pode ser explicada pela vacinação dos grupos de maior risco e exposição, como idosos, portadores de doenças crônicas e profissionais de saúde.

“Hoje, a cobertura vacinal dentro desses grupos é mais ampla em relação ao restante da população. Ao mesmo tempo, a circulação de novas variantes do vírus pode aumentar a sua transmissibilidade sem que isso represente, no entanto, um aumento no número de casos graves com necessidade de internação”, diz um trecho do estudo, que ressalta que a transmissão em patamares elevados gera casos graves entre grupos populacionais não vacinados ou com vulnerabilidade potencializada por fatores individuais ou sociais.

O boletim mostra que, entre 20 e 26 de junho, foi mantida uma incidência média de 72 mil novos casos de Covid-19 por dia no país, o que representa uma oscilação de -0,2% ao dia em relação à semana anterior. Já a mortalidade média foi de 1,7 mil vítimas por dia, o que corresponde a uma queda diária de 2,5%. Apesar da redução no número de óbitos, que chegou a uma média de 3 mil por dia no pico da pandemia, a Fiocruz ressalta que a mortalidade ainda é considerada muito alta e “não permite afirmar que haja qualquer controle da pandemia no Brasil”.

Com Agência Brasil

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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