Variante Delta já representa 50% dos casos de Covid-19 em Minas, aponta balanço da UFMG

Análise em laboratório
Em Belo Horizonte, a prevalência da Delta já chega a 60% (FOTO ILUSTRATIVA: Adão de Souza/PBH)

Da UFMG

A variante Delta (B.1.617) é a que mais cresce em Minas Gerais e hoje representa 50% dos casos positivos de Covid-19 no estado, segundo análise da UFMG. Em Belo Horizonte, a prevalência já chega a 60%, enquanto em Juiz de Fora, cidade próxima da divisa com o estado do Rio de Janeiro, 80% dos casos confirmados são da Delta.

A evolução da variante com maior poder de propagação e maior tendência a gerar casos graves da Covid-19 em não vacinados foi constatada pelo Observatório de Vigilância Genômica de Minas Gerais (OViGen) e divulgada em boletim semanal pelo grupo na página do Programa de Pós-graduação em Genética do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.

Mudança de cenário

Renato Santana de Aguiar, que coordena o projeto ao lado do professor Renan Pedra de Souza, afirma que o cenário mudou rapidamente e se tornou mais preocupante, visto que a variante Delta, que é mais perigosa que a gama, está se tornando a prevalente em Minas Gerais.

“Por isso, tivemos a ideia de realizar um monitoramento mais atualizado, que acompanhasse a evolução e o deslocamento da Covid-19 pelo estado, e criamos o comunicado semanal em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, com a Prefeitura de Belo Horizonte e com a Funed (Fundação Ezequiel Dias)”, conta.

O professor explica que, toda semana, 200 amostras positivas para a Covid-19 provenientes de 10 unidades regionais de saúde localizadas em regiões de Minas que fazem fronteira com outros estados, são enviadas para a Funed. A fundação, então, faz a primeira triagem do material.

Essas amostras seguem para o Laboratório de Biologia Integrativa do ICB e para o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina, onde são analisadas.

“Testamos as amostras por meio de uma metodologia de genotipagem que desenvolvemos aqui no ICB e que possibilita identificar as variantes em quatro horas. Quando aparecem novas variantes, fazemos o sequenciamento genético completo do material. Nosso objetivo é monitorar as variantes atuais e identificar as novas”, explica Santana.

Instrumento de combate

O pesquisador acrescenta que a divulgação de comunicados semanais tem o intuito de oferecer instrumentos para que prefeituras e secretarias de saúde se preparem para combater as novas variantes de ocorrência mais prováveis em suas regiões.

“É um projeto muito importante porque já é possível prever que algumas variantes vão provocar desfechos clínicos mais graves e serão mais transmissíveis. Com o monitoramento, as agências de saúde conseguem definir quais regiões são mais críticas e devem receber maior suporte hospitalar. Além disso, conhecer as variantes predominantes em cada região é essencial para o planejamento dos esquemas vacinais locais”, argumenta o professor.

O projeto

A ideia de criar boletins semanais sobre as variantes da Covid-19 mais presentes em Minas surgiu em março deste ano, quando uma pesquisa coordenada pelos dois professores do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução analisou 1.198 restos de amostras coletadas para exames de PCR em 282 municípios mineiros.

Naquela época, o estudo mostrou que a variante Gama (anteriormente chamada de P.1 ou de variante de Manaus) era a predominante no estado, enquanto a variante Delta começava a se espalhar em Minas.

O Observatório de Vigilância Genômica de Minas Gerais (OViGen) é financiado pelo Programa Laboratórios de Campanha e pela Rede Corona-ômica, ambos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) do Governo Federal, e pela Fundação Ezequiel Dias (Funed).

O boletim atualizado sobre as variantes do estado é divulgado às quintas-feiras, no site do Programa de Pós-graduação em Genética do ICB.

Edição: Vitor Fernandes

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