[Eleições 2018] Jordano defende rebelião, reestatização geral e liberação de armas para população se defender

Jordano Metalúrgico foi o quarto sabatinado pelo Bhaz (Henrique Coelho/Bhaz)

O candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) ao Governo de Minas Gerais, Jordano Metalúrgico, garantiu que sendo eleito liberará o porte de armas para a população. O concorrente também se comprometeu a regularizar o salário dos servidores do Estado no primeiro mês de gestão e a reestatizar empresas como Vale e Usiminas.

“Hoje as armas estão nas mãos de quem? Das milícias, polícias, Exército e tráfico de drogas. A população tem sofrido com isso e está desarmada”, afirmou, durante entrevista concedida ao Bhaz. O candidato do PSTU ainda apontou como meta elevar o piso salarial dos professores para R$ 4 mil.

Jordano tem como candidata a vice-governadora a professora Victoria Mello e foi o quarto entrevistado na série de sabatinas do Bhaz aos postulantes ao Palácio da Liberdade. Relembre as diretrizes da cobertura da disputa política deste ano feita pelo portal aqui.

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Durante a entrevista, o candidato destacou ser favorável a desmilitarização da polícia, a reestatização de empresas, de deixar de pagar a dívida com a União e de criar comitês populares, onde a decisão seria tomada, como o próprio nome sugere, pelo povo.

Pagamento do servidores

Uma das preocupações dos servidores de Minas, nos últimos dois anos, é com relação ao pagamento dos salários. Devido à crise econômica enfrentada pelo governo, os vencimentos são parcelados e algumas vezes o valor não é depositado na data prometida.

Para Jordano, Aécio Neves (PSDB), Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) não colocaram a classe trabalhadora como prioridade em suas gestões. “As prioridades deles foram em garantir o pagamento da dívida e o lucro dos bancos e grandes empresas. Nos governos do PSDB foi implementado o Choque de Gestão e isso atacou os direitos dos trabalhadores do serviço público. O parcelamento dos salários, por parte de Pimentel, aprofunda o ataque”, disse.

Sendo eleito, Jordano comprometeu regularizar os pagamentos logo no primeiro mês de gestão.

Piso salarial dos professores

Em Minas Gerais, o salário inicial para professor é de R$ 1.982,53. Esse valor é acrescido por um abono de R$ 153,10 para a jornada de 24 horas semanais.

No programa do PSTU, Jordano esclarece que defende o pagamento do salário com base no cálculo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “O salário seria na casa dos R$ 4 mil para os trabalhadores de conjunto. Esse seria o piso inicial”, afirmou.

Pagando esse valor, o candidato acredita que a qualidade de vida dos trabalhadores do serviço público seria melhorada. Indagado sobre o Estado encontrar dificuldades para quitar os salários atualmente com valor inferior ao prometido por ele, Jordano diz que o reajuste é possível em todo o país.

Um dos pontos apresentados pelo candidato do PSTU, para conseguir pagar os salários com o piso em R$ 4 mil, seria reestatizar empresas.

Reestatização

Jordano acredita que é chegado o momento de reestatizar empresas como a Vale, pois de acordo com o candidato, a mineradora, assim como as outras, foram entregues ao capital privado, mas construída com dinheiro público. “O lucro fica nas mãos de poucos. Elas (empresas) foram entregues a preço de banana e exploram nossas riquezas, nossos trabalhadores, além de provocarem catástrofes, como a de Mariana. Temos que parar de pagar a dívida e reestatizar as empresas com alta lucratividade”, pondera.

Para ele, os trabalhadores devem ter o controle sob o sistema financeiro e assim decidir onde as verbas do Estado serão destinadas. Essas decisões seriam tomadas em conselhos populares.

Segurança e desmilitarização da polícia

O aumento da população prisional de Minas Gerais em 500% é analisada por Jordano como consequência das dificuldades encontradas pela classe trabalhadora. “Falta de tudo: emprego, investimentos em educação, saúde”, disse.

“Precisamos melhorar a vida das pessoas. Atualmente elas não têm condições de ter emprego. O sistema prisional está falido e grande parte das pessoas que estão nos presídios são filhos da classe trabalhadora, negros e negras, pessoas que não tiveram a oportunidade de se defenderem”, afirmou.

A atuação da polícia é vista pelo candidato como “opressora”. As ações vão ao encontro, como sugere Jordano, daquilo que é passado no treinamento que recebem por parte do Exército e que “fazem parte da Ditadura Militar”. “A polícia é muito violenta e chega a matar nossos povos na periferia”.

Para contornar essa situação, Jordano vê a necessidade dos comitês de autodefesa se organizarem e possibilitarem o acesso da população a armas. Através desses comitês, o porte de arma seria liberado e aconteceria a “própria proteção”. “A violência é forte e envolver a população é uma forma de melhorá-la”, acredita.

Armas para proteção

O fato do Estado mineiro ser o que teve o maior número de armas apreendidas em 2017, 23 mil, conforme dados do Anuário de Segurança Pública, é para Jordano decorrente das indústrias de armas que estão nas periferias e daquelas oriundas de outros estados. “Muitas das vezes são armas usadas no Exército e que estão nas mãos do tráfico de drogas”, disse.

A liberação do porte de arma para a população resultaria, na visão do candidato, numa melhoria da proteção individual. “A grande maioria da população, a classe trabalhadora, está desarmada. Defendemos os comitês, que serão eleitos pelos moradores, para que eles tenham suas armas e possam se proteger”, disse.

Antes da arma ser liberada acontecerá um processo de formação e preparação tanto com os membros dos comitês, como da população.

Saúde: ‘Lucro com adoecimento’

Visando diminuir a vinda dos moradores do interior do Estado para Belo Horizonte, em busca de atendimento médico, Jordano prevê estatizar todo o sistema privado que atua na saúde.

Na opinião do candidato, os planos de saúde obtêm lucro por meio do “adoecimento, morte e sofrimento das pessoas”. “Defendemos um SUS (Sistema Único de Saúde) com 100% de qualidade, gratuito e sob o controle dos usuários e trabalhadores do próprio sistema. A questão de saúde tem que ser de qualidade para todas as pessoas”, afirma.

Rebelião popular

Em sua campanha, o candidato do PSTU destaca a necessidade de haver uma rebelião popular, visto o atual cenário de crise econômica e política. “A situação do povo é difícil. Vinte e oito milhões de desempregados, sendo 3 milhões em Minas. A classe trabalhadora sofre com escândalos de corrupção e ataques aos direitos conquistados. Os trabalhadores têm disposição para fazer essa rebelião, pois estão insatisfeitos com o cenário atual”, disse.

Indagado se não seria perigoso incentivar uma rebelião, Jordano é enfático. “O perigo já vivemos. O povo morre de fome, está sem atendimento médico, falta moradia, trabalha exaustivamente e não consegue pagar as dívidas no fim do mês”.

O sistema capitalista é o que o tem oprimido a população, na análise do metalúrgico, e isso faz com que seja necessário derrubá-lo. “No ano passado, trabalhadores pararam várias cidades contra as reformas trabalhistas e da previdência. A greve dos caminhoneiros é uma prova disso”.

Dívida com a União

No projeto do PSTU para governar Minas Gerais está o não pagamento da dívida com a União. Jordano acredita que ao repassar os valores destinados às dívidas, os bancos compram títulos e lucram de 18% a 20% ao ano. “Com toda essa grana que vai pra mão dos bancos podemos investir no plano de obras públicas gerando empregos para a população local”, concluiu.

Perfil

Jordano Carvalho tem 39 anos e é natural de São João del-Rei, na região Central de Minas Gerais. Atualmente trabalha na área de metalurgia e siderurgia.

Na Federação Sindical e Democrática de Minas Gerais atua como coordenador geral e, no Sindicato dos Trabalhadores de São João del Rei, é vice-presidente. Pelo PSTU já concorreu ao cargo de prefeito da sua cidade natal.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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