Globo reconhece equívoco em reportagem sobre Heloísa Bolsonaro: ‘A revista errou’

@heloisa.bolsonaro/Instagram/Reprodução

O Conselho Editorial do Grupo Globo divulgou uma nota, nessa segunda-feira (16), reconhecendo que a revista Época errou ao publicar reportagem detalhando sessões de coaching on-line feitas por um repórter da publicação com a nora do presidente da República e psicológa, Heloísa Wolf Bolsonaro, de 27 anos. Desde a publicação da matéria duras críticas foram feitas pela família Bolsonaro.

Na nota intitulada “UMA EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA”, o Conselho afirma que errou ao “tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública”. “Heloísa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada figura pública”, diz um dos trechos (a nota na íntegra pode ser lida abaixo).

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A matéria, alvo da polêmica, foi produzida após o repórter João Paulo Saconi realizar cinco sessões on-line com a psicóloga, que é casada com o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Ele as gravou sem o conhecimento de Heloísa e com o material fez o texto.

“Como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes, mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à publicação de uma reportagem produz um equívoco”, diz a nota.

Mesmo tendo reconhecido o erro, o Grupo Globo ressaltou que a “Época se norteia pelos Princípios Editoriais, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011”. “Ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles”.

Nota do Conselho Editorial do Grupo Globo na íntegra:

“UMA EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA

Nota do Conselho Editorial do Grupo Globo

Como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes, mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à publicação de uma reportagem produz um equívoco. Foi o que aconteceu com a reportagem “O coaching on-line de Heloisa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”, publicada na última sexta-feira.

ÉPOCA se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles.

É certo que em sua seção II, item 2, letra “h”, está dito: “A privacidade das pessoas será respeitada, especialmente em seu lar e em seu lugar de trabalho. A menos que esteja agindo contra a lei, ninguém será obrigado a participar de reportagens”. A letra “i” da mesma seção abre a seguinte exceção: “Pessoas públicas – celebridades, artistas, políticos, autoridades religiosas, servidores públicos em cargos de direção, atletas e líderes empresariais, entre outros – por definição abdicam em larga medida de seu direito à privacidade.

Além disso, aspectos de suas vidas privadas podem ser relevantes para o julgamento de suas vidas públicas e para a definição de suas personalidades e estilos de vida e, por isso, merecem atenção. Cada caso é um caso, e a decisão a respeito, como sempre, deve ser tomada após reflexão, de preferência que envolva o maior número possível de pessoas”.

O erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line. Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista.

Em sua seção 1, item 1, letra “r”, os Princípios Editoriais do Grupo Globo determinam: “Quando uma decisão editorial provocar questionamentos relevantes, abrangentes e legítimos, os motivos que levaram a tal decisão devem ser esclarecidos”. E o preâmbulo da mesma seção estabelece com clareza: “Não há fórmula, e nem jamais haverá, que torne o jornalismo imune a erros. Quando eles acontecem, é obrigação do veículo corrigi-los de maneira transparente”. É ao que visa esta Carta aos Leitores. Explicar o que levou à decisão editorial equivocada, reconhecer publicamente o erro e pedir desculpas a Heloisa Bolsonaro e aos leitores de ÉPOCA.”

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