Pediatra é preso suspeito de infectar 900 crianças com HIV ao reutilizar seringas

Muhammad Yousaf Shaikh/Reprodução

Cerca de 900 crianças foram infectadas pelo vírus HIV, causador da Aids, em Ratodero, no Paquistão. Um pediatra foi preso suspeito de reutilizar seringas e infectar 1100 pessoas com o vírus, sendo pelo menos 900 crianças menores de 12 anos, segundo reportagem do The New York Times.

Uma investigação realizada pelas autoridades de saúde concluiu que muitas das crianças infectadas eram pacientes do mesmo pediatra, Muzaffar Ghangro – responsável por atender famílias mais pobres do município. E o surgimento de novas vítimas não é descartado: É que apenas parte da população foi testada até agora.

O jornalista Gulbahar Shaikh, morador da cidade, deu a notícia da epidemia a moradores do local e do país em abril. Depois disso, ele viu seus vizinhos e parentes correrem para clínicas para verificar se estavam infectados pelo vírus.

Contudo, no início do trabalho, o jornalista não imaginava que o pediatra em questão era o mesmo de seus filhos. Ele levou a família para fazer o teste e a filha de 2 anos foi confirmada como portadora do vírus. “Foi devastador”, disse Shaikh, jornalista de 44 anos.

Com tristeza, o profissional contou ao jornal que os filhos têm sido ignorados pela família. “Minha esposa e eu, felizmente, somos alfabetizados. Nós abraçamos e amamos nossa filha. Mas nossos parentes pararam de tocá-la e agora relutam em nos visitar”, explica.

O pediatra tratou todos os seis filhos de Imtiaz Jalbani, quatro dos quais contraíram o HIV. Os dois filhos mais novos do homem, Rida, de 14 meses, e Sameena, de 3 anos, morreram.

Segundo Jalbani, ele teria visto o médico vasculhar o lixo em busca de uma seringa para usar em outro filho dele, Ali de 6 anos, que também está infectado. Quando o homem protestou, o médico teria dito que estava usando uma seringa antiga porque Jalbani era pobre demais para pagar por uma nova.

“Ele disse: ‘Se você não quer meu tratamento, procure outro médico'”, disse Jalbani. “Minha esposa e eu tivemos que passar fome para pagar o remédio”, completa.

Ghanghro era a opção mais barata da cidade, cobrando 20 centavos de dólar por visita aos muitos pais que ganham menos de 60 dólares por mês. Ele foi preso e acusado de negligência, homicídio culposo e por causar danos não intencionais. Para a polícia, ele disse que é inocente e nunca teria reutilizado seringas.

As autoridades de saúde também dizem que é improvável que Ghanghro seja a única causa do surto. Os profissionais de saúde visitantes viram muitos casos de médicos reutilizando seringas e agulhas. Os barbeiros levam a mesma navalha ao rosto de vários clientes, disseram eles, e os dentistas na beira da estrada quebram os dentes dos pacientes nas calçadas com ferramentas não esterilizadas. O caso continua em investigação.

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