BH vive expectativa de novo fechamento após leitos ficarem no vermelho

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Com apenas um indicador no nível verde, Kalil deve anunciar novas medidas nesta quarta (Moisés Teodoro/Amanda Dias/BHAZ)

Depois de bater a marca de 80% dos leitos de UTI dedicados ao tratamento da Covid-19 ocupados, Belo Horizonte continua no vermelho nesse índice – nível de maior alerta. Agora, a capital encara a possibilidade de um novo fechamento do comércio com anúncio da prefeitura programado para quarta-feira (30), tem 78,8% dos leitos ocupados nas alas de UTI e 63% nas de enfermaria – o que deixa o segundo índice no nível amarelo. Os dados são do boletim epidemiológico divulgado hoje (29) pela prefeitura.

A boa notícia é com relação à queda no número médio de transmissão por infectado (RT), que está em 0,95, nível verde. Ao todo, a capital mineira já acumula 62.286 casos confirmados de Covid-19 e mais de 1,8 mil mortes causadas pela doença. Os números ilustram um cenário delicado e, apesar de um dos indicadores – o RT – ter voltado ao nível verde, é importante ficar alerta, conforme explica um especialista ouvido pelo BHAZ.

“O índice RT é muito variável e, para permanecer neste nível, é preciso manter o distanciamento social e tomar as precauções de higienização, além do uso da máscara”, diz o infectologista Marcelo Oliveira. Já sobre a alta taxa de ocupação nos leitos de UTI, que levou o indicador ao nível vermelho na capital desde 18 de dezembro, o especialista afirma que é normal haver estagnação.

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Indicadores de monitoramento da pandemia em BH nesta terça (PBH/Divulgação)

De acordo com Marcelo, o tratamento na UTI é mais demorado e a permanência dos pacientes nestes leitos é prolongada. Por isso, não há quedas significativas neste indicador. “Os indicadores precisam ser avaliados separadamente, pois a queda do RT não reflete, a curto prazo, na diminuição da ocupação dos leitos de UTI. Há pacientes, por exemplo, que ficam semanas internados”.

Novos casos

Assim como outros profissionais da saúde, Oliveira teme aumento de casos do novo coronavírus em janeiro. O motivo são as tradicionais festas de fim de ano. “Acredito que as duas primeiras semanas do mês vão mostrar os impactos destes encontros que vêm acontecendo. Janeiro pode ser complicado por causa disso. Reforço a necessidade da população utilizar máscara, álcool em gel e máscara”, finaliza.

Vai fechar de novo?

Diante da mudança nos indicadores e das expectativas apontadas por especialistas, os belo-horizontinos tentam descobrir quais serão as próximas decisões do Executivo municipal. O prefeito Alexandre Kalil (PSD) marcou, para esta quarta-feira (30), o que deve ser a última atualização da PBH no ano. Muitos já antecipam – e temem – um novo fechamento do comércio.

Nesta terça (29), a CDL/BH (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) se manifestou contra qualquer possibilidade de novo fechamento de comércio na capital e pediu a colaboração da prefeitura. “Várias razões nos levam a adotar tal posicionamento. A primeira delas é que definitivamente não há nenhuma comprovação científica de que a reabertura do comércio, ainda gradual, seja a responsável pelo aumento dos casos”, disse Marcelo de Souza e Silva, presidente da entidade.

“Além de solicitar à prefeitura que não feche novamente o comércio, reiteramos nossa disposição de dialogar e colaborar efetivamente com o poder público”, disse Marcelo. Ele reforçou ainda que, diante da piora no cenário da pandemia em BH, a intenção dos comerciantes é encontrar “novos caminhos e ações para a prevenção” que não impliquem no fechamento das lojas.

‘Vitrine para conscientização’

O presidente da CDL/BH pontuou ainda que, desde o início do processo de reabertura, o que se observa nas ruas da capital é a maioria dos comerciantes colaborando. “Aliás, o comércio tem funcionado até como uma vitrine para conscientização da população sobre a importância da adoção desses procedimentos de prevenção. O comércio tem sido propagador dessa nova mentalidade de empatia que será tão imprescindível daqui pra frente”, afirmou.

Marcelo Souza e Silva também pontuou que a situação pode ficar ainda mais delicada para os estabelecimentos. Isso porque apenas agora eles estavam conseguindo se recuperar dos impactos do fechamento. “Reafirmamos: se alguém se sacrificou para salvar vidas em nossa cidade, esse alguém foi o comércio”, disse.

Reforce a proteção contra o vírus

A SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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