Nem tudo são brilhos no Carnaval de BH, e, cada vez mais, a necessidade de afirmar as raízes da folia e combater ao racismo faz-se presente. O bloco Angola Janga surgiu dessa demanda, e, nesta tarde de domingo (11), manifesta sua ancestralidade pela avenida Amazonas, no Centro da capital.
Luta, até em época de festa
O casal Lucas Jupetipe e Nayara Garófalo eram foliões do Carnaval de BH e, a partir de 2011, viraram batuqueiros e começaram a tocar em blocos da capital mineira. Até que, em 2015, um episódio de racismo contra Lucas o levou à fundação do Angola Janga, junto com a esposa.
“Eu estava tocando num bloco famoso da cidade, que até homenageia dois cantores negros. Estava na bateria e alguém puxou o meu cabelo pensando que era uma peruca. Puxaram meu cabelo e ficaram rindo”, conta Lucas Jupetipe, que usava o cabelo black power no dia.
E esse não foi o único caso de racismo que marcou a convivência nos blocos de Carnaval de BH. “A gente percebeu um racismo muito grande com as pessoas, e iam desde os micros, de não querer ficar perto, até comentários horrorosos e muitas coisas de cunho racista”.
O tratamento racista aliado à falta de protagonismo de pessoas negras nos blocos culminou na criação do Angola Janga. “A gente precisava de um espaço seguro, assim como existe um espaço seguro para as mulheres, para as questões LGBTQIAP+. Nós resolvemos criar um espaço exclusivamente para quem se autodeclarava negro”