Samba Queixinho presenteia Carnaval de BH com bateria ensaiada durante todo o ano

estandarte bloco samba queixinho
Encontros acontecerão às terças, até 30 de janeiro (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

Um dos blocos mais tradicionais de BH, o Samba Queixinho faz parte da história da retomada do Carnaval da capital mineira desde os primórdios, em 2009.

Além de desfilar na folia, o grupo tem como foco principal ensinar as pessoas a tocarem instrumentos. No reaquecimento do carnaval de rua belo-horizontino, o Samba Queixinho tem tido papel fundamental.

O Samba Queixinho surgiu da vontade de um grupo de amigos de curtir o Carnaval em Belo Horizonte. Gustavo Caetano, um dos fundadores e mestre da bateria do bloco, conta ao BHAZ sobre o movimento e detalhes da participação no Carnaval BH 2024.

“A gente não queria mais viajar para outros lugares para curtir, e falamos ‘ah, vamos ficar aqui na cidade e montar um bloco de Carnaval. E foi um movimento espontâneo. O grupo de pessoas foi se juntando, e, desde então, o nosso mote principal foi ensinar as pessoas a tocarem instrumentos”, relembra Gustavo.

Vale lembrar que antes da retomada do Carnaval de BH a cidade ficava deserta nos dias de folia, e era possível andar pelado pela avenida Afonso Pena sem ser notado. Os belo-horizontinos tradicionalmente seguiam para cidades históricas de Minas Gerais, como Ouro Preto e Diamantina.

Por que Samba Queixinho?

A escolha do nome do bloco surgiu de uma brincadeira entre o grupo de amigos fundadores. “A gente fala que quem não tem samba no pé pode cantar, por isso que é Samba Queixinho, é uma brincadeira”.

Estandarte do bloco Samba Queixinho (Reprodução/@sambaqueixinho/Instagram)

Queixinho é filho do Santa Tereza

O bloco é filho de um dos bairros mais boêmios de Belo Horizonte. Os primeiros ensaios e a primeira apresentação do Samba Queixinho aconteceram na praça do Cardoso, onde estão alguns dos tradicionais bares de Santa Tereza.

“A primeira apresentação foi no Bar do Orlando, numa sexta-feira de Carnaval. Foi a primeira vez que a gente resolveu colocar o bloco na rua, sem desfile nem nada, só ficamos ali concentrados”, conta um dos fundadores do Samba Queixinho.

Com o passar do tempo, o Samba Queixinho passou a ocupar praças e parques de Belo Horizonte, e a Praça Tiradentes foi ponto de encontro das oficinas durante muitos anos. “Íamos na cidade toda, a gente não ficava preso só na região Centro-Sul, não”, diz Gustavo.

Oficinas de instrumentos musicais

As oficinas de instrumentos musicais são o principal objetivo do Samba Queixinho, desde a sua fundação. Nelas, os alunos aprendem do zero a ter noção de tempo musical, a como carregar, escolher e manusear os instrumentos.

“E, no fim de tudo, a grande realização é depois desse um ano inteiro, a pessoa desfilar tocando o instrumento, dar um presente para a cidade, porque eu considero o Samba Queixinho um presente para BH. A gente prepara o ano todo para dar um espetáculo para a cidade”, declara um dos fundadores.

Bloco Samba Queixinho no Carnaval de BH 2023 (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

Os ensaios acontecem na todas as terças-feiras, às 19h, na Autêntica, no bairro Santa Efigênia. Para aprender a tocar, os professores cobram uma mensalidade dos alunos. Já para assistir, os ensaios da bateria são gratuitos e abertos ao público.

Esses ensaios nada mais são do que as oficinas de instrumentos. Os participantes passam a ensaiar ativamente para o Carnaval a partir da metade do ano. O espaço está sempre aberto para a entrada de novos integrantes.

Gustavo Caetano apresenta uma novidade em primeira mão. A partir do dia 9 de janeiro, o coletivo carnavalesco fará o “Queixinho Convida”. O bloco convidará a bateria de outros blocos para ensaiar junto, às 19h, na Autêntica, sempre com entrada gratuita. Se liga na agenda:

  • 9/1: Volta, Belchior
  • 16/1: Baianas Ozadas
  • 23/1: Abalo-caxi
  • 30/1: Unidos do Barro Preto

Ocupação dos espaços públicos de BH

A tradição de ocupar vários espaços de BH segue até hoje, pois o Samba Queixinho tem o costume de fazer ensaios na rua. A conexão com o público através da presença nas ruas, desde 2009, fez com que o Samba Queixinho tivesse em torno de 150 a 200 mil foliões acompanhando o bloco.

No cortejo deste ano, o Samba Queixinho manteve a média de foliões, e espera que, no Carnaval de 2024, o número vá de 200 a 300 mil pessoas acomapanhando a bateria.

Samba Queixinho tem uma caveira como símbolo e foliões pintam os traços no rosto (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

Homenagens a grupos culturais

Uma outra característica marcante do Samba Queixinho são as homenagens que o bloco faz aos grupos culturais da cidade. O bloco já homenageou o Grupo Corpo, o Grupo Galpão, o Mercado Central e o teatro de bonecos Giramundo. Nas ocasiões, os dançarinos das companhias e os bonecos participaram da folia.

Para o próximo Carnaval, o bloco homenageará o Nenel do Baixa Gastronomia. Neste ano, o Samba Queixinho homenageou os 15 anos da Orquestra Filarmônica do Estado de Minas Gerais.

O desfile do Samba Queixinho está previsto para acontecer na Praça da Liberdade, no Funcionários. O cortejo será no domingo de Carnaval (11), e começará às 13h30 (acesse o Instagram do Samba Queixinho para ficar de olho nas atualizações).

Batuqueira no bloco Samba Queixinho (Reprodução/@sambaqueixinho/Instagram)

O que o Samba Queixinho toca?

Apesar do nome Samba Queixinho, esse não é o único gênero que o bloco toca durante a folia. “Tocamos ritmos brasileiros variados, como ijexá, forró, funk e samba enredo. O Samba Queixinho tem essa característica de não ficar preso só no samba”.

E a música do Samba Queixinho fica toda por conta da bateria, que ensaia durante o ano todo para se apresentar no Carnaval e em outros eventos de BH. A presença de cantores, tanto em shows da banda quanto no próprio Carnaval, depende do investimento público e privado no bloco.

“Se não tem dinheiro para pagar o trio, se não tem patrocínio, aí a gente não vai sair com o trio, só com a bateria. A característica maior do Samba Queixinho são os ritmistas da bateria, são 150 a 200 pessoas, então nosso foco principal está nisso. Se por acaso conseguirmos patrocínio, podemos pensar em cantores”.

Apelo à iniciativa privada

Gustavo Caetano chama a atenção para a ajuda das empresas privadas na construção do Carnaval de rua. “É muito importante que o Carnaval seja considerado também para além da cultura e de todas as lutas que ele canta. Não são todos os blocos, mas tem muitos que precisam de estrutura”.

Para um dos fundadores do Samba Queixinho, tocar no Carnaval é apenas mais um resultado do trabalho desenvolvido ao longo do ano na oficina de instrumentos. “É uma realização de um trabalho que foi feito durante o ano inteiro. O Carnaval é uma das ações que a gente promove”.

Anota aí:

Data: 11 de fevereiro
Endereço: Praça da Liberdade, Funcionários
Horário: 13h30

Edição: Pedro Rocha Franco
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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