Aécio se alia a Bolsonaro e abre crise dentro do PSDB contra Doria

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Doria, Bolsonaro e Aécio (Governo do Estado de SP/Divulgação + Cleia Viana/Câmara dos Deputados + Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Quando se achava que o ex-governador, ex-senador e, agora, deputado federal Aécio Neves (PSDB) estava acabado, ele ressurge e ainda é responsável por rachar seu partido. Atuando fortemente nos bastidores, o tucano mineiro levou parte do PSDB a apoiar o candidato de Bolsonaro na disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados. A iniciativa contrariou a orientação do presidenciável tucano e governador paulista, João Dória.

O paulista apoiava a candidatura do deputado federal de seu estado, Baleia Rossi (MDB), que acabou derrotado nessa disputa. Mais do que preferência pessoal, a oposição a Bolsonaro falou mais alto para o governador paulista. Além disso, ele pretendia trocar a tradicional aliança com o DEM pelo MDB de olho nas eleições do ano que vem.

Junto da defesa que faz das graves acusações de corrupção contra si, Aécio Neves fez o movimento político contrário a Dória. Alinhando-se, levou seu partido a apoiar o candidato de Bolsonaro (Arthur Lira, do PP), que venceu a disputa.

Expulsão versus prévias presidenciais

A bancada de 33 deputados do PSDB rachou, e estima-se que pelo menos a metade dela tenha votado no candidato do presidente Bolsonaro. A controvérsia gerou bate-boca nas hostes tucanas. Dória chegou a defender, novamente, a expulsão de Aécio por contas das irregularidades em que se envolveu. Em resposta, o mineiro requereu, junto à direção, a realização de prévias no PSDB para escolher o candidato presidencial em 2022.

Para tentar apaziguar os ânimos, o governador paulista recorreu ao líder honorífico do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A intenção era abaixar a temperatura da crise aberta em seu partido, visando adiar a discussão sobre sua candidatura à Presidência em 2022.

Ouviu de FH que, para ter chances nas eleições do ano que vem, o partido tem que se afastar de Bolsonaro. Mais do que isso, se firmar como oposição a Bolsonaro.

Paulista queria controle do partido

Em encontro que teve na segunda (8), com a cúpula partidária, vários aliados abriram o jogo: queriam ver Doria na presidência do PSDB. A ideia seria criar uma ordem unida no partido, a exemplo do que o próprio Aécio fez em 2014, quando perdeu a eleição presidencial para Dilma Rousseff (PT).

A intenção incomodou muita gente, entre eles o presidente atual da sigla, Bruno Araújo (PE), que acabou sendo reconduzido na sexta (12). A Executiva Nacional do PSDB aprovou, por unanimidade, a prorrogação do mandato de Bruno Araújo. Mais uma derrota política para o governador paulista.

Quando foi eleito pela primeira vez, em 2019, substituindo Geraldo Alckmin, Araújo teve o apoio do próprio João Doria. Após a trombada com Aécio e tentativa de o paulista assumir o comando, os presidentes de 26 diretórios estaduais do PSDB assinaram ofício, no dia10, em apoio à permanência de Araújo.

“Os parlamentares estão certos de que, com a decisão, o partido seguirá mantendo a democracia interna e a convergência na busca de soluções para que o país possa vencer a pandemia. E retomar o crescimento com justiça social”, escreveram deputados e senadores, em notas oficiais.

Derrota abre espaço para concorrência

A derrota do governador paulista permitiu também o fortalecimento de outra liderança tucana, o governador gaúcho Eduardo Leite. A pré-candidatura presidencial de Dória vem se consolidando fora do partido. Além da projeção do cargo de governador, ele ganhou visibilidade nacional no combate à pandemia, com o investimento na vacina chinesa Coronavac.

Para esfriar a crise, tucanos de ambos os lados apostam no feriadão que seria de Carnaval.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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