Presidente da CPI quer fim da BHTrans e diz que empresários são burros

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O vereador Gabriel Azevedo é presidente da CPI da BHTrans (Reprodução/Band Minas/Youtube)

Ao reafirmar que a caixa preta da empresa de trânsito de BH, nunca foi aberta, o presidente da CPI da BHTrans, vereador Gabriel Azevedo, defendeu a extinção dela e de seus contratos. Quando se candidatou pela primeira vez (2016), o atual prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD), prometeu, como bandeira de campanha, investigar os contratos, mas não o fez. Ou não teve força política para isso. Cinco anos depois, a atual Câmara de Vereadores instalou, no mês passado, CPI como esse objetivo.

“Não fizeram nem auditoria, porque a própria empresa contratada disse, no relatório, que não tinha especialidade para isso. E o ex-presidente da BHTrans, Célio Bouzada, disse que não sabia disso”, criticou Azevedo. A mesma auditoria apontou que o setor não dá lucro. “Quem sabe aplicar o dinheiro deles na poupança, poderia dar a eles um rendimento melhor. Absurdo!”, disse, afirmando ainda que os empresários do setor alegam que, em vez de lucro, têm prejuízo. “Prejuízo de R$ 4 milhões por mês e que, na pandemia, bateu em R$ 8 milhões. Essa gente merece um prêmio de filantropia”, ironizou.

Tarifa seria estímulo à corrupção

Na apuração dele, a cobrança da tarifa é um estímulo à corrupção. “Não há controle, por exemplo, nenhuma fiscalização ou auditoria sobre quem paga a tarifa em dinheiro. Por isso, os empresários não aceitam auditoria nem querem inovar, usando a tecnologia. Tem algo errado aí”, desconfiou.

Após duas sessões da comissão de investigação, Azevedo é taxativo e defende a extinção da empresa e de todos os contratos. “É preciso acabar com a BHTrans. Não adianta apenas chacoalhar a empresa de cabeça para baixo. Já os empresários de ônibus são burros, não se atualizam e vivem em condomínios fechados. Vão para o trabalho de carro e nunca usaram o serviço que oferecem. Aliás, o presidente da BHTrans também não usa. Em vez de Miami, deveriam ir para Londres e outros grandes centros para conhecer experiências de mobilidade urbana”, recomendou o presidente da CPI.

A CPI será oportunidade inadiável para mexer nesse vespeiro quase intocável em Belo Horizonte. As empresas de ônibus atuam como um poder paralelo e oculto na cidade e ainda reclamam que o serviço não dá lucro. Não dá para entender ainda por que elas ignoram as medidas de restrição ao combate à pandemia, permitindo que o cidadão ande em ônibus lotado e exposto ao risco.

BHTrans não consegue fiscalizar

Os empresários desrespeitam as normas e são multados pela BHTrans, mas aí aparece alguém e os anistia das multas. Tudo isso precisa ser explicado. “Quem senta na (direção) BHTrans não consegue fiscalizar as empresas. A despeito de multá-las, as multas não são pagas”, disse Azevedo. E mais, segundo ele, além de descumprir normas, as empresas retaliaram a prefeitura com a extinção da função de cobrador no serviço por não ter havido reajuste da passagem.

Sobre a BHTrans, disse que a empresa não dá conta do recado e é integrada por pessoas desconectadas da realidade que julgam prestar bons serviços. Além de pregar a extinção da empresa, Azevedo apresentou projeto que a substitui por meio da criação de uma superintendência de mobilidade ligada à Secretaria de Obras.

Confira a entrevista de Gabriel Azevedo dada ao programa Entrevista Coletiva, da TV Band. O colunista Orion Teixeira participou.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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