A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) declarou apoio ao candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (12) em um pronunciamento na cidade de São Paulo.
“Olhando para o que está acima de nós, manifesto meu apoio de forma independente ao candidato e futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou. “Compreendo que neste momento crucial da nossa História quem reúne as condições para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo é a sua candidatura”.
Marina criticou, ainda, as ameaças à democracia e o retrocesso ambiental promovido pelo atual governo, além da volta da fome entre famílias em condições de extrema pobreza e o ataque a povos indígenas.
“Estamos vivendo aqui um reencontro político e programático. Porque do ponto de vista das nossas relações pessoais, tanto eu quanto o presidente Lula nunca deixamos de estar próximos e de conversar, inclusive em momentos dolorosos de nossas vidas. Nosso reencontro político e programático se dá diante de um quadro grave da política do nosso país, diante de uma ameaça, a ameaça das ameaças, à nossa democracia”. disse a ex-ministra.
Ao ser perguntada sobre o que a levava a essa reaproximação, Marina disse que o momento do país pesou e que esse é um encontro “em defesa dos interesses estratégicos do Brasil”. Segundo ela, o país está entre “democracia ou barbárie”.
‘Dia histórico’
Após a fala de Marina Silva, o ex-presidente Lula também discursou, afirmando que esse é um “dia histórico” para o partido, para sua candidatura e para “quem sonha em fortalecer a democracia no país”.
“De vez em quando na política tomamos decisões de percorrer determinados caminhos, nem sempre a gente se encontra, mas também há momentos na História em que a gente se reencontra. E ele é importante não só pela qualidade do programa que a Marina apresenta. Mas muito mais pelo momento político que vivemos ” disse o petista.
Lula lembrou os casos recentes de violência política e criticou a política “feita no ódio”. Disse que o Brasil que quer construir “ainda existe na Marina” e reforçou que os brasileiros precisam ser “cuidados”.
A aliança com a ex-ministra é uma sinalização de Lula ao eleitor de centro. O apoio de Marina também pode ajudar o petista com os evangélicos, segmento em que o ex-presidente está atrás do presidente Jair Bolsonaro (PL). Marina é seguidora da Assembleia de Deus desde 1996.
Marina Silva já foi alvo do PT
Marina Silva disputou três eleições à Presidência da República, em 2010, pelo PV e em 2014 pelo PSB e em 2018 pela Rede.
O momento de maior tensão entre Marina e os petistas foi nas eleições presidenciais de 2014, quando ela se lançou, inicialmente, como vice de Eduardo Campos (PSB), que morreu em um acidente de avião durante a campanha. A ex-ministra assumiu a cabeça da chapa e chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto.
A partir daí, passou a ser o alvo principal da campanha de Dilma. A candidata petista, que disputava a reeleição, acusou Marina de ser “sustentada por banqueiros” pelo fato de a socióloga Neca Setúbal, integrante da família acionista do Banco Itaú, coordenar o seu programa de governo. A propaganda eleitoral petista na televisão ainda mostrava a comida desaparecendo de uma mesa, caso Marina fosse eleita.
Os ataques da campanha acabaram por afastar ainda mais Marina Silva do PT, que no segundo turno declarou apoio a Aécio Neves, então candidato do PSDB à Presidência da República.
A campanha deixou marcas em Marina até recentemente. No período de pré-campanha, a ex-ministra chegou a declarar sua simpatia pela candidatura de Ciro Gomes (PDT), mas desistiu de apoiá-lo quando o marqueteiro João Santana assumiu a campanha do pedetista.
João Santana foi o responsável pela campanha de Dilma em 2014.