O belo-horizontino e o mineiro, de maneira geral, podem ficar um pouco mais tranquilos. Após um dia de desespero – com longas filas, desabastecimento de postos e fake news -, os tanqueiros anunciaram no fim da noite de sexta-feira (26) a suspensão da greve da categoria. A volta aos trabalhos foi definida após recuo do governador Romeu Zema (Novo), que prometeu dialogar e criar grupo para solucionar o impasse.
“Mediante um compromisso do governo com essa categoria, a categoria resolveu suspender a greve e retornar às suas atividades”, anunciou, em pronunciamento divulgado por vídeo por fim da noite de hoje, Irani Gomes, presidente do SindTanque-MG (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais).
“Na próxima semana será marcada uma data para que a entidade possa se reunir com o governo e o governo dar uma sequência a essa pauta. Esperamos agora, com essa sensibilidade, que o governo possa olhar para essa categoria que está tão sofrida devido o aumento do óleo diesel, que representa hoje mais de 60% no valor do frete”, finalizou.
Zema abre diálogo
Pouco antes, por volta das 20h, Zema anunciou, também através das redes sociais, que havia aberto diálogo com os tanqueiros. “Preocupado com a situação que levou os transportadores de combustíveis a promover uma manifestação e com a corrida da população aos postos de combustível, pedi a equipe que se reunisse com os envolvidos no movimento e reafirmasse nossa disposição para o diálogo”, publicou no Twitter.
O Governo assume o compromisso de instalar já na próxima semana um grupo de trabalho em nossa equipe, em conjunto com representantes das entidades ligadas à cadeia do combustível, para a busca de uma solução dialogada e efetiva para as questões levantadas.
— Romeu Zema (@RomeuZema) February 26, 2021
“Reduzir impostos é um desejo meu e um compromisso desse governo, vamos continuar perseguindo esse objetivo tão logo a situação fiscal do Estado e as limitações legais trazidas por ela nos permitam. Até lá, temos de construir alternativas e vamos buscá-las em conjunto”, complementou o mandatário estadual, após anunciar a criação do grupo do trabalho na próxima semana.
Dessa forma, termina a greve dos transportadores de combustível em Minas Gerais. Após a paralisação nesta sexta e uma corrida desenfreada de motoristas à procura de gasolina, postos da capital mineira e do interior registraram falta de combustível. A greve teve como principal bandeira a diminuição do ICMS sobre combustível, que sofrerá aumento a partir do dia 1º de março.
Sexta-feira caótica
Esta sexta-feira (26) comecou caótica para os mineiros que precisavam utilizar o transporte justamente por causa da greve. Depois de promover uma carreata de caminhões nessa quinta-feira (25), que saiu de Betim, na região metropolitana de BH, e terminou na Cidade Administrativa, o SindTanque-MG definiu a paralisação da categoria.
O movimento dos trabalhadores não completou nem um dia e vários estabelecimentos já ficaram sem combustível – especialmente após uma corrida por gasolina durante todo o dia. As cidades da região Central de Minas foram as mais afetadas, conforme o Minaspetro. O sindicato registrou postos sem o produto em Divinópolis, Sete Lagoas, Contagem, além de Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Recuo
Inicialmente, o Governo de Minas, por meio de nota (leia na íntegra abaixo), afirmou que as mudanças nos preços dos combustíveis “não são em função do ICMS, mas sim da política de preços praticada pela Petrobras”, e descartou a possibilidade de redução da alíquota no momento, “em virtude da situação financeira do estado”.
“Sobre a manifestação realizada ontem na Cidade Administrativa, o Governo esclarece que esteve disponível para ouvir as demandas dos tanqueiros, mas não houve pedido de reunião por parte dos manifestantes”, completa o comunicado da administração estadual.
Mais tarde, no entanto, Zema publicou o pronunciamento pelo Twitter sinalizando abertura de diálogo com a categoria.
Nota do Governo de Minas
“O Governo de Minas esclarece que as recentes mudanças no preço dos combustíveis não são em função do ICMS, mas sim da política de preços praticada pela Petrobras. O Estado reafirma seu compromisso de não promover o aumento de nenhuma alíquota de ICMS até que seja possível começar a trabalhar pela redução efetiva da carga tributária. No momento, em virtude da situação financeira do estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal exige uma compensação para aumentar receita em qualquer movimento de renúncia fiscal, o que não torna possível a redução da alíquota.
Informamos ainda que o Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF) é atualizado mensalmente levando-se em consideração os preços praticados pelos postos revendedores em todas as regiões do Estado. O resultado da pesquisa realizada pela Secretaria de Fazenda é baseado nas Notas Fiscais emitidas por 4.272 postos revendedores distribuídos em 828 municípios mineiros.
Sobre a manifestação realizada ontem na Cidade Administrativa, o Governo esclarece que esteve disponível para ouvir as demandas dos tanqueiros, mas não houve pedido de reunião por parte dos manifestantes”