‘Betinho: No Fio da Navalha’: Série retrata a luta do sociólogo mineiro contra a desigualdade social

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O irmão do saudoso cartunista Henfil é protagonista do recente lançamento do Globoplay, a série biográfica “Betinho: No Fio da Navalha” (Ibase/Divulgação)

Herbert José de Souza, o Betinho, veio ao mundo com fome de liberdade. Diagnosticado com hemofilia ainda criança, o mineiro natural de Bocaiúva, no Norte de Minas, cresceu sendo privado de viver o melhor da infância pelo risco de se machucar. A sorte dele foi ter nascido irmão de dois outros grandes gênios: Henriquinho e Chico Mário, ambos hemofílicos e também atravessados pela urgência da vida.

Eternizado nos versos de Elis Regina, o irmão do saudoso cartunista Henfil é protagonista do recente lançamento da Globoplay, a série biográfica “Betinho: No Fio da Navalha”. A obra, dirigida por André Felipe Binder e estrelada pelo ator Júlio Andrade, que dá vida a Betinho, conta a trajetória do sociólogo mineiro durante a Ditadura Militar até se tornar um importante nome da luta contra a fome e a desigualdade no Brasil.

A Belo Horizonte dos anos 1950 foi o cenário da formação de Betinho enquanto militante dos Direitos Humanos. Em uma casa da Rua Ceará, anexa à Santa Casa, ele se reunia com os amigos da Ação Católica, grupo de jovens da igreja com pensamentos progressistas, e do curso de Sociologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para discutir política.

Sua vocação para defesa das causas sociais foi o que inspirou o irmão Henriquinho a seguir o mesmo caminho através dos traços e se tornar Henfil, que na série é interpretado por Humberto Carrão. Anos depois, o amor dos dois pelo Brasil inspiraria milhares de pessoas a tomarem as ruas pelo movimento das Diretas Já.

No auge da repressão, Betinho precisou abandonar o país que tanto defendeu para, novamente, lutar pela própria liberdade. Ao retornar para casa oito anos depois, ele se tornou um dos maiores símbolos da resistência brasileira: “Eu precisei fugir do meu país, mas eu tive sorte de não ter sido esquecido”.

Além de retratá-lo sob uma perspectiva heroica, a série também se debruça sobre alguns dos dilemas da vida particular do sociólogo, como a má relação dele com o filho e os conflitos com a ex-mulher, Irles Carvalho, interpretada pela atriz Leandra Leal.

A crise no casamento com Maria Nakano (Julia Shimura) em meio aos problemas financeiros enfrentados durante a fundação do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) ajuda a consolidar a imagem de Betinho como alguém que abriu mão de si mesmo pelas causas que defende.

O sangue que uniu os irmãos Souza em vida acabou, por fim, selando um trágico destino em comum. Betinho morreu nove anos depois de Henfil, após também ser contaminado pelo HIV em uma transfusão. O legado deixado por eles, contudo, segue sendo perpetuado toda vez que se fala na garantia dos Direitos Humanos. É que mesmo com o apagar das luzes, o show de todo artista tem que continuar.

Ficha técnica

Direção: Andre Felipe Binder, Júlio Andrade

Roteiro: Alex Medeiros, Armando Praça, George Walker, José Júnior, Manaíra Carneiro, Rafaela Camello, Sérgio Machado

Elenco: Júlio Andrade, Leandra Leal, Ravel Andrade, Humberto Carrão, Felipe Bragança, Michel Gomes, Luiz Bertazzo, Joana Borges, Walderez de Barros, Andréia Horta, Silvia Buarque

Edição: Lucas Negrisoli
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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