Uma semana após ataque, jogador do Londrina volta a ser vítima de comentário racista: ‘Ninho de cupim’

Celsinho Londrina
Jogador foi alvo de ataque racista (Reprodução/Flickr Londrina Esporte Clube)

Uma semana após ser alvo de comentário racista, o jogador Celsinho, do Londrina, mais uma vez foi vítima de um episódio semelhante nessa sexta-feira (23). Durante o jogo contra o Remo, pela Série B, o narrador Cláudio Guimarães, da Rádio Clube do Pará, disse que o cabelo do atleta é “meio ninho de cupim”. A emissora afastou o profissional e ele pediu desculpas pelo que chamou de “comentário infeliz”.

O ataque racista aconteceu durante o primeiro tempo do jogo disputado no Estádio do Café, em Londrina, quando Celsinho foi cobrar uma falta. “Preparado o Celsinho para a batida. Vai lá com seu cabelo meio ninho de cupim. Vai levantar a bola lá pela área do lado canhoto. Jogadores do Clube do Remo atentos”, disse.

A fala preconceituosa logo parou nas redes sociais seguida de repúdio. “É inacreditável, mas o Celsinho novamente foi alvo de comentários racistas. E aí Rádio Clube Esporte, vai ser conivente com racismo? Esses senhores não aprendem nunca?”, questionou um usuário do Twitter ao compartilhar a gravação.

No sábado passado, Celsinho também foi vítima de racismo. O comentarista Vinícius Silva, da Rádio Bandeirantes, disse que o cabelo do meia parecia uma “bandeira de feijão” e ainda chamou o afro do atleta de “negócio imundo”.

‘Força e resistência’

O Londrina, clube de Celsinho, se posicionou contra o comentário racista feito pelo narrador da Rádio Clube do Pará. “O Londrina Esporte Clube, infelizmente, vem a público, reiteradamente, manifestar seu extremo repúdio pela fala racista do narrador Cláudio Guimarães em face do meio campo Celsinho… O black power é símbolo de força e resistência e significa uma causa, uma luta”, publicou.

No complemento do posicionamento, o Londrina afirmou que não aceitará episódios como o de ontem. “Nós não nos calaremos, não aceitaremos, qualquer ato, fala, atitudes racistas! Com certeza serão tomadas as providências cabíveis, mas basta, respeito já, racismo não”.

Afastamento e desculpas

Após a repercussão da fala, a direção da Rádio Clube do Pará soltou um comunicado repudiando “as palavras proferidas pelo radialista”. “A emissora rejeita, veementemente, qualquer tipo de discriminação e decidiu pelo afastamento imediato do profissional de sua equipe esportiva e pelo rigor na adoção das providências necessárias”, disse trecho do comunicado (leia na íntegra abaixo).

Cláudio Guimarães se desculpou por meio de um posicionamento em razão do “comentário infeliz” (leia na íntegra abaixo).

“Peço desculpas não só a ele [Celsinho], mas a sua família e todos aqueles que ofendi com meu comentário… Tomarei o episódio como lição para aprender profundamente sobre racismo e ter a consciência de que, como comunicador, não posso ter este comportamento. Evoluir é fundamental”, afirmou.

Nota da Rádio Clube do Pará na íntegra

“A Direção da Rádio Clube do Pará repudia as palavras proferidas pelo radialista Cláudio Guimarães a respeito do jogador Celsinho durante a transmissão do jogo entre Londrina e Clube do Remo.

A emissora rejeita, veementemente, qualquer tipo de discriminação e decidiu pelo afastamento imediato do profissional de sua equipe esportiva e pelo rigor na adoção das providências necessárias”.

Nota de Cláudio Guimarães na íntegra

“Eu, Cláudio, me arrependo e peço desculpas pelo comentário infeliz dirigido ao jogador Celsinho. Peço desculpas não só a ele, mas a sua família e todos aqueles que ofendi com meu comentário.

Nessas poucas horas após o final do jogo, tenho tomado conhecimento de toda a dor que meu comentário causou e isso me envergonha. Tomarei o episódio como lição para aprender profundamente sobre racismo e ter a consciência de que, como comunicador, não posso ter este comportamento. Evoluir é fundamental.

Também entendo que neste momento é importante arcar com todas as consequências da minha fala. Tenho quatro netos e desejo que eles vivam num mundo mais justo e igualitário, respeitando as diversidades. Então, para isso, eu também preciso me reeducar.

Mais uma vez, minhas sinceras desculpas”.

Edição: Giovanna Fávero
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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