Aglomeração de trabalhadores em mina da Grande BH causa revolta: ‘São 26 pessoas espremidas’

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O registro é dessa segunda-feira (23), tirado dentro de um elevador da Mina Cuiabá, em Sabará (WhatsApp/Reprodução)

Uma foto de trabalhadores aglomerados em uma mina da Grande BH circula pelas redes sociais e preocupa a população. O registro dessa segunda-feira (23), tirado dentro de um elevador da Mina Cuiabá, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, mostra mineiros espremidos no local fechado, em meio à pandemia do novo coronavírus. A recomendação do Ministério da Saúde é que evite-se aglomerações.

Ao BHAZ, o presidente do Sindicato dos Mineiros disse que medidas mais rígidas precisam ser tomadas, para preservar a saúde dos trabalhadores. A AngloGold Ashanti, responsável pela mina, disse que reduziu, a partir desta terça-feira (24), a capacidade do elevador para 50%, além de outras medidas implementadas. A empresa afirma que, seguindo todas as orientações, é possível continuar operando.

Marcelino Antonio Edwirges, presidente do Sindicato dos Mineiros, disse que está “chamando a responsabilidade” para todos, tanto trabalhadores quanto empresas. Na imagem que circula pelas redes, ele explica que o local é um elevador, uma espécia de “gaiola”.

“São 26 pessoas espremidas por vez. Todos nós temos que enfrentar isso de frente. Acho que cada um tem que fazer sua parte. Sei que regras que muito duras estão sendo impostas, mas são necessárias. O trabalhador está esperando muito que alguém faça algo por eles, mas é preciso também que eles se imponham”, relata.

Seguindo a linha dos órgãos de saúde, o Edwirges também explica que a aglomeração, nesse momento, “é maléfica”. “Caso não fosse algo prejudicial, as autoridades sanitárias do mundo inteiro não estariam pedindo esse isolamento e fechamento de empresas. Hoje eu perdi a paciência com isso, perdi com todo mundo, é um absurdo muito grande o que está havendo”, continua.

Além do contágio dos funcionários, o presidente do sindicato teme que eles possam ser transmissores da doença. “Pode contaminar a própria família, e uma região inteira. Estamos falando que esse trabalhador contaminado passa a ser mais um fonte de disseminação que não fica estagnada, está em constante movimento”.

Edwirges continua e reforça que as grandes empresas querem manter a produção. “Tem que ser preservada sim [a produção], mas não pode ser a qualquer custo. Medidas devem ser tomadas urgentemente e, em determinado momento, acho que a produção deverá parar por completo. Quando a gente chegar lá na frente vivos, olhamos o prejuízo e discutimos essa questão. Mas a saúde deve ser olhada agora”.

Ele ainda explica que muitos equipamentos no local são de uso comum, compartilhados. “Por mais que tenhamos cuidado, sempre damos uma bobeira, um vacilo, algo inerente ao ser humano. Estamos lutando pela nossa vida, pela vida dos nossos familiares, para que o sistema continue. Temos que ter essa noção, largar qualquer tipo de rivalidade de lado. A luta é justa e é de todos nós, uma questão de sobrevivência”, completa.

Procurada pelo BHAZ, a AngloGold Ashanti disse por meio de nota (leia abaixo na íntegra) que, até o momento, não há nenhum caso da doença em operações brasileiras e que “está monitorando diariamente a evolução da situação do Coronavírus (COVID-19) no Brasil. Um comitê especial foi criado e estabeleceu medidas preventivas para proteger nossos empregados, suas famílias e a comunidade”.

No informe epidemiológico divulgado nesta terça-feira, SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde Minas Gerais), são 130 casos confirmados do novo coronavírus, sendo 87 somente em Belo Horizonte, 11.832 casos suspeitos e nenhuma morte registrada até o momento. No Brasil, são 2.201 casos confirmados, e 46 mortes, segundo o Ministério da Saúde.

Empresa se manifesta

Com a repercussão da foto, a empresa ainda informou que o “uso do elevador para o subsolo em nossas operações, a partir desta terça-feira (24/03)”, foi reduzido em “50% por viagem o número de pessoas que descem pelo equipamento, garantindo um maior espaçamento. Todos que utilizam o elevador de subsolo devem estar, obrigatoriamente, equipados de luvas e máscaras, garantindo a segurança nesse ambiente”.

Além disso, outras medidas já foram tomadas pela empresa, como a compra de 6 mil kits testes para o diagnóstico da doença. Também foi criada uma Central de Saúde AngloGold Ashanti, é feita sempre uma desinfecção dos ambientes coletivos, utilização do álcool em gel, uso de máscara obrigatório, monitoramento de temperatura dos empregados, implementação de home office, dentre outros.

Com isso, a empresa afirma que continuará operando. “É importante ressaltar que, respeitando todas as medidas de segurança adotas pela empresa, nossas operações estão em funcionamento”.

Nota da AngloGold Ashanti

“A AngloGold Ashanti está monitorando diariamente a evolução da situação do Coronavírus (COVID-19) no Brasil. Um comitê especial foi criado e estabeleceu medidas preventivas para proteger nossos empregados, suas famílias e a comunidade. Até hoje (24/3) não foi registrado nenhum caso de COVID-19 na operação brasileira. 

Sobre o uso do elevador para o subsolo em nossas operações, a partir desta terça-feira (24/03), reduzimos em 50% por viagem o número de pessoas que descem pelo equipamento, garantindo um maior espaçamento. Todos que utilizam o elevador de subsolo devem estar, obrigatoriamente, equipados de luvas e máscaras, garantindo a segurança nesse ambiente. Vale ressaltar que, desde o início da semana, a higienização do subsolo foi intensificada. 

A empresa também adotou outras medidas preventivas voltadas à segurança dos empregados. Entre elas, destacam-se:

  • Central de Saúde AngloGold Ashanti: criamos um ramal de atendimento e acompanhamento para empregados que tiverem qualquer tipo de sintoma relacionado à doença.
  • Desinfecção dos nossos ambientes coletivos: o processo para desinfetar os ambientes coletivos foi intensificado, com foco em banheiros, corrimãos, refeitórios, vestiários e ônibus, preservando assim a melhor qualidade desses ambientes. 
  • Utilização do álcool gel: instalação de recipientes com álcool em gel, em pontos críticos mapeados em todas as unidades, para que todos utilizarem sempre que necessário.
  • Uso de máscara obrigatório: proteção adicional por meio das máscaras de proteção PFF2, para todos utilizarem quando estiverem na superfície e dentro dos escritórios. Lembrando que para o subsolo os empregados já utilizam máscara específica que garante proteção.  
  • Monitoramento de temperatura dos empregados: em todas as operações Brasil, empregados, fornecedores e visitantes têm sua temperatura corporal medida por meio de um termômetro digital infravermelho (que faz medição sem contato com a pele), nas portarias. Aqueles que apresentam febre estão sendo encaminhados diretamente para a área de saúde da unidade.
  • Implementação de home office: os empregados cujas funções permitam o trabalho a distância estão em home office.
  • Home office – Grupo de Risco: Os empregados com mais de 60 anos, grávidas ou casos clínicos que requeiram atenção  também trabalham de forma remota.
  • Cuidados nos restaurantes das unidades da empresa:marcação nas mesas de restaurantes das nossas unidades para que as pessoas se assentem de forma a respeitar o distanciamento de um metro.
  • Antecipação da vacinação contra a gripe: a empresa antecipará para os próximos dias a campanha de vacinação contra a gripe (vírus Influenza) para empregados e dependentes. 
  • Kits Testes: Aquisição de 6.000 kits de testes para o COVID-19.

É importante ressaltar que, respeitando todas as medidas de segurança adotas pela empresa, nossas operações estão em funcionamento”.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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