Ataque contra Ana Hickmann expõe a frágil segurança em hotéis de BH

Considerado um dos cinco melhores hotéis de Belo Horizonte, o Caesar Business do bairro Belvedere, na região Centro-Sul, se transformou em palco de uma das ocorrências mais marcantes e violentas da cidade nos últimos tempos. O ataque contra a apresentadora Ana Hickmann terminou com uma pessoa morta e outra gravemente ferida, no sábado (21). A ocorrência é apontada como um caso isolado, mas as medidas de segurança adotadas por hotéis, pousadas e hostels não impedem que crimes envolvendo hóspedes voltem a acontecer: câmeras de circuito interno de imagens e funcionários terceirizados são as únicas formas de proteção encontradas nos 200 estabelecimentos de hospedagem da Capital.

Na prática, armas, drogas e outros objetos perigosos podem ser levados para as dependências de qualquer acomodação, já que os clientes também não podem ser revistados. A ação esbarra no Código de Defesa do Consumidor que considera responsabilidade dos estabelecimentos assegurar o bem-estar dos clientes. Caso fosse adotada, poderia gerar constrangimento e centenas de processos na Justiça.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH), os frequentadores de hotéis e as bagagens que carregam não podem passar por inspeção, assim como os quartos em que ficam, porque se tratam de unidades privadas. “Esses espaços são considerados extensão da residência das pessoas e o hotel não tem competência para exigir que ninguém tenha seus bens revistados”, disse à Bhaz a diretora da ABIH, Patrícia Coutinho, nesta segunda-feira (23).

Para ela, o atentado contra Ana Hickmann, a assessora e o empresário, poderia ter ocorrido em qualquer outro lugar. “O hotel é de uma rede internacional e segue os mesmos protocolos de segurança que são aplicados até na França”, pondera. “Existem câmeras de segurança, os funcionários são treinados para reconhecer atitudes suspeitas e a polícia está à disposição, o hotel é seguro”, garante.

O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Região Metropolitana (Sindhorb), Paulo César Marcondes, diz que os estabelecimentos mineiros não costumam registrar crimes de repercussão, mas que o caso envolvendo Ana Hickmann serve de alerta. “A maioria das ocorrências que temos é de pequenos furtos. Os hóspedes e as malas são revistados em último caso, quando há a certeza de que algo foi roubado. Não podemos violar o direito à privacidade das pessoas”, afirma. “A partir de agora fica o alerta para que os hotéis sejam mais atentos aos protocolos de segurança que existem”, completa.

Detectores de Metal?

Em 2011, um deputado estadual do Paraná tentou criar uma lei para que detectores de metais fossem instalados em hotéis do Estado. Na justificativa, Gilberto Ribeiro (PRB-PR) explicou que a estrutura ajudaria a diminuir o número de assaltos e outros crimes com armas nos estabelecimentos de hospedagem. No entanto, a proposição foi considerada inconstitucional depois de receber parecer contrário na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa paranaense.

ana hickmann
Apresentadora em entrevista nesse domingo (22)
Reprodução/TVRecord

Para os representantes da Sindhorb e da ABIH a proposta é inviável, principalmente, sob o ponto de vista financeiro. “Detectores de metal são muito caros, não é nem uma possibilidade. A ideia é fortalecer os protocolos de segurança existentes”, pontua Patrícia Bonfim. “Imagina se cada um dos 200 hotéis fosse instalar esses detectores? É uma situação complicada financeiramente. Também iria alterar a movimentação nos ambientes, não faz sentido”, diz Paulo César.

Hospedagem em números

Ao todo, BH conta com cerca de 200 locais para acomodação, entre pousadas, hotéis e hostels, e recebe por ano mais de 1 milhão de turistas. A maioria do público costuma ficar hospedado, em média, por onze dias e, somente no ano passado, o setor movimentou R$ 774 milhões.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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