O homem de 56 anos que foi morto ao defender a neta de criação de uma tentativa de feminicídio, em Belo Horizonte, era amigo do suspeito. A informação foi repassada pela Polícia Civil em entrevista coletiva nesta quarta-feira (14), um dia após a prisão do suspeito.
Paulo Vieira, conhecido como Seu Paulinho, foi atingido com pauladas na cabeça pelo ex-namorado da neta dele, uma jovem de 27 anos, na madrugada do dia 4 de março no bairro João Pinheiro, região Noroeste de Belo Horizonte.
O suspeito do crime, de 36 anos, estava foragido desde o dia do crime. Ele já havia sido preso por violência doméstica contra outra mulher, e cinco medidas protetivas já foram concedidas pela Justiça contra ele (veja mais abaixo).
Dinâmica do crime
De acordo com o delegado Lucas Alves, do Departamento Estadual de Investigação de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Seu Paulinho já era amigo do suspeito do crime antes do rapaz começar a namorar a neta de criação dele.
O relacionamento da jovem e do suspeito durou cerca de quatro meses e terminou no Carnaval, quando os dois teriam se agredido fisicamente. O homem, no entanto, não se conformava com o fim do namoro e continuava insistindo em reatá-lo.
Na noite do dia 3 de março, o suspeito foi até o apartamento de Seu Paulinho para tomar uma cerveja, mas lá se deparou com a ex-namorada, que já estava bebendo com o avô. Ele tentou mais uma vez conversar com a jovem para retomar o relacionamento, sem sucesso.
Avô e neta deixaram o apartamento e foram até um bar na região para continuar consumindo bebidas do lado de fora. Mas, cerca de uma hora depois, o suspeito de 36 anos também apareceu no local e comprou uma lata de cerveja. Ele atravessou a rua e agrediu a ex-namorada na cabeça com a lata.
A jovem perdeu os sentidos, e os frequentadores do bar expulsaram o homem do local. Ela retomou a consciência e entrou no estabelecimento, mas logo viu que o ex-namorado estava voltando com um pedaço de madeira na mão.
Ainda segundo o delegado, o avô da jovem disse que conversaria com o amigo para resolver a situação, mas ao tentar intervir, acabou sendo agredido a pauladas na cabeça. O suspeito, então, partiu para cima da jovem, que conseguiu fechar a porta do bar para se proteger.
O homem ainda conseguiu arrombar a porta, e logo antes do ataque, a mulher conseguiu pegar uma garrafa de cerveja e agredir o ex-namorado em legítima defesa. Já ensanguentado e depois de ser contido por clientes do bar, o suspeito foi para casa, pegou dinheiro e fugiu para o interior de Minas.
Ainda na madrugada do dia 4, depois de comparecer ao local, a Polícia Civil decretou a prisão temporária do homem de 36 anos, que ainda estava foragido. Ele foi localizado e preso nessa terça-feira (14), na região Noroeste de BH, e encaminhado ao Ceresp (Centro de Remanejamento) Gameleira.
Passagem por violência doméstica
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o suspeito já havia sido preso anteriormente por violência doméstica contra uma ex-namorada, além de ter passagem também por uso de drogas.
Antes do dia 4 de março, o homem também já tinha quatro medidas protetivas de duas mulheres diferentes contra ele. Depois do homicídio e da tentativa de feminicídio, a jovem de 27 anos também pediu uma medida protetiva.
Onde conseguir ajuda?
A delegada Letícia Gamboge, da DHPP, reforça a importância da prevenção à violência contra a mulher em casos como esse. Caso você seja vítima de qualquer tipo de violência de gênero ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190.
Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:
- Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
- Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
- Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
- Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380
- Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.
