Biblioteca da UFMG passa por vistoria após laudo comprovar danos estruturais

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Em parecer técnico, engenheiros apontam a presença de trincas, placas de concreto quebradas e grande quantidade de dejetos de animais, como pombos e outras aves (Amanda Dias/BHAZ + Arquivo pessoal)

O prédio da Biblioteca Central da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), localizado no campus Pampulha, foi alvo de uma vistoria da Defesa Civil na manhã de hoje (10) após um parecer técnico constatar diversos danos estruturais no local.

O BHAZ teve acesso ao documento de 22 páginas, assinado por dois engenheiros civis, que aponta a presença de trincas, placas de concreto quebradas e grande quantidade de dejetos de animais, como pombos e outras aves.

“Todos os pilares e a maioria dos consolos apresentam um tipo de patologia e atenta preocupação em recuperar. A presença de ninhos de pombos e outras aves pode gerar produção de matérias orgânicas com alto teor de bactérias e microrganismos, estes produzem ácidos que aceleram o processo de lixiviação do concreto e contribuindo a corrosão do aço”, diz um trecho do parecer.

À reportagem, a Defesa Civil informou ter notificado a universidade a adotar medidas para a contenção de riscos. “Não houve a necessidade de interdição e não existe o risco de colapso estrutural”, garante o órgão municipal. Entre os servidores, no entanto, o clima é de preocupação.

“Tem funcionários que estão se recusando a trabalhar. Uma diretora está com tudo em casa e disse que não iria trabalhar pessoalmente. As pessoas, no geral, estão desesperadas. Tem aquelas que não ligam, mas a discussão é ‘vai desabar ou não vai?'”, disse, ao BHAZ, um funcionário do prédio que preferiu não se identificar.

Restauração deve ser imediata

No subsolo do prédio, segundo os especialistas, foram encontrados pilares com parte do concreto deteriorado e com ferragem em processo de degradação. Além disso, os engenheiros identificaram pontos de risco no piso do subsolo, que pode ceder devido ao excesso de água na saturação do solo.

“O fato do subsolo ficar abaixo do nível externo temos que não existe uma vedação e impermeabilização adequada, além de água de chuva direcionar para dentro do prédio, cria um ambiente propício para aumentar a umidade do ambiente e gerar várias patologias estruturais e local para moradia de animais peçonhentos ou agressivos”, observam os engenheiros.

Ainda segundo o parecer, uma obra de recuperação da estrutura de concreto armado, dos pilares, consoles e lajes deve ser iniciada de forma imediata. “A não execução das 4 ações propostas acima poderá levar a estrutura do prédio da Biblioteca Central a situação de instabilidade grave, colocando em risco a vida dos seus usuários e do patrimônio”, conclui o laudo.

Engenheiros localizaram rachaduras e pilastras em situação de deterioração (Arquivo pessoal)

O que diz a UFMG?

A biblioteca, inaugurada em 1981, abriga diversas obras literárias além de um raro acervo bibliográfico dos séculos 16 ao 20. O servidor ouvido pelo BHAZ conta que a universidade ainda não os comunicou formalmente sobre os danos na estrutura do prédio, o que tem gerado ainda mais apreensão.

“Se houvesse uma comunicação clara, centralizada, uma conversa honesta, acho que estaria mais tranquilo. Não estou no grupo dos mais desesperados, mas estou no dos mais inconformados de como a situação está sendo tocada, já que o trabalho de grande parte dos funcionários pode ser feito de casa”, pontuou.

Em contato com o BHAZ, a UFMG reforçou que, de acordo com a Defesa Civil de Belo Horizonte, a Biblioteca Central não corre risco de desabamento. De acordo com a universidade, os reparos sugeridos pelo órgão municipal devem acontecer dentro dos próximos quatro meses.

“Para isso, será necessário efetuar, temporariamente, a remoção de equipes de três órgãos que trabalham em ala do prédio afetada diretamente pelas intervenções. A maior parte das atividades da Biblioteca Universitária, no entanto, continuarão sendo realizadas normalmente no próprio prédio”, informou a instituição (leia na íntegra abaixo).

Nota da Defesa Civil

Defesa Civil realizou vistoria em todo complexo da biblioteca. Foram constatas trincas. A UFMG foi notificada a adotar medidas mitigadoras de riscos e manutenções preventivas no imóvel. Não houve a necessidade de interdição e não existe o risco de colapso estrutural.

Nota da UFMG

Em vistoria ao prédio da Biblioteca Universitária, no campus Pampulha, realizada nesta segunda-feira, 10 de outubro, a equipe da Defesa Civil de Belo Horizonte ratificou a necessidade de adoção de medidas, já em curso pela UFMG, para corrigir problemas estruturais no edifício. De acordo com a notificação expedida pelo órgão, não há risco de desabamento – total ou parcial – do imóvel nem à segurança de trabalhadores, de usuários e do patrimônio. A Defesa Civil também constatou que não há necessidade de interditar preventivamente o prédio. 

Nas últimas semanas, equipes técnicas da UFMG, com suporte de professores dos departamentos de Engenharia de Estruturas e de Materiais de Construção da Escola de Engenharia, realizaram inspeções no prédio que indicaram a necessidade de se formular um plano de correção de parte da sua estrutura de concreto armado. Parte desse trabalho já está sendo executada por equipe própria da UFMG.

As medidas recomendadas pela Defesa Civil abrangem a contratação de uma empresa especializada em projetos de recuperação da estrutura de concreto armado e a realização de obra de recuperação. Essas intervenções devem durar de três a quatro meses. Para isso, será necessário efetuar, temporariamente, a remoção de equipes de três órgãos que trabalham em ala do prédio afetada diretamente pelas intervenções. A maior parte das atividades da Biblioteca Universitária, no entanto, continuarão sendo realizadas normalmente no próprio prédio.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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