A Câmara Municipal de BH (CMBH) recebeu, nesta segunda-feira, o pedido de cassação do mandato do vereador Léo Burguês (União Brasil), indiciado por crimes de peculato e corrupção, entre vários outros.
O pedido de cassação do mandato de Léo Burguês foi entregue por um advogado. No documento, o autor pede a “verificação da quebra de decoro parlamentar pela prática de atos absolutamente incompatíveis com a dignidade do cargo parlamentar e a imagem pública desta casa”.
O pedido destaca oito pontos que justificam a cassação do vereador. Entre as acusações, consta que o vereador teria utilizado “parte do salário de servidores do gabinete para o pagamento de despesas pessoais”.
O presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), convocou a imprensa para uma entrevista coletiva para tratar do assunto e apresentar o andamento do processo.
“Quando eu tomei posse aqui na Câmara Municipal, deixei muito claro que as páginas da corrupção tinham sido viradas. Se ainda restam algumas páginas a virar, isso também é função desta presidência. […] Quero deixar claro que, ocupando esta presidência, não vou ajudar nenhum colega diante da corrupção”, iniciou.
Em seguida, o presidente da Câmara afirmou que o pedido de cassação de Léo Burguês deve ser analisado pela Procuradoria do Município até o fim de fevereiro.
Portaria anticorrupção
Durante a coletiva, o presidente da Casa também anunciou a criação da portaria 20.596, que visa a criação de um Plano de Compliance na Câmara Municipal. “O objetivo é obter o selo 37.000 [selo antissuborno], garantindo que esta Casa não padeça mais de suborno, corrupção e outros crimes”.
O comitê que vai colocar o plano em prática é composto por dez membros e deve permanecer em atuação até 31 de dezembro de 2023.
Léo Burguês chega de surpresa
Enquanto Gabriel Azevedo se pronunciava na Câmara de BH, o vereador Léo Burguês chegou de fininho ao local onde era realizada a coletiva. Os repórteres aproveitaram a presença do vereador pra tentar questioná-lo sobre o indiciamento, uma vez que ele ainda não havia se pronunciado.
Mas o presidente da Câmara cortou. Na segunda tentativa, Gabriel Azevedo questionou: “Mais alguma pergunta pra mim?”. Sem novas perguntas, ele deixou o espaço acompanhado do corregedor e Léo Burguês assumiu o púlpito para dar a sua versão sobre o indiciamento.
O parlamentar afirmou que o vazamento do relatório da Polícia Civil é ilegal. De acordo com a corporação, o parlamentar e outras seis pessoas foram indiciadas pelos “crimes de peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, advocacia administrativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa”.
“Lamento que tudo isso esteja acontecendo por um crime por parte da autoridade policial, um procedimento que está em segredo de justiça é vazado para toda a imprensa de maneira a atacar minha honra, atacar minha família, atacar meu mandato”, disse.
Léo Burguês também frisou que tanto ele, quanto sua equipe estão à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
“É lamentável porque isso deveria estar simplesmente em poder da Procuradoria. Já estive no Gaeco, já estive com o procurador geral. Desde a semana passada pedi uma reunião com o procurador, estarei lá amanhã às 14h, para me colocar à disposição do Ministério Público”.
A Corregedoria da Câmara determinou que o vereador deve se posicionar a respeito das acusações em até cinco dias, a partir de hoje.