CMBH aprova projeto que proíbe linguagem neutra nas escolas, considerado inconstitucional pelo STF

Câmara Municipal de BH
PL é de autoria do ex-vereador Nikolas Ferreira (Moisés Teodoro/BHAZ)

Os vereadores da CMBH (Câmara Municipal de Belo Horizonte) aprovaram em segundo turno um projeto de lei que proíbe uso da linguagem neutra nas escolas da capital mineira. Uma lei com o mesmo objetivo já foi derrubada e considerada inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em Rondônia.

Por 32 votos a seis, o PL 54/2021, de autoria do ex-vereador Nikolas Ferreira (PL), foi aprovado na manhã desta segunda-feira (24) e agora segue para sanção ou veto do prefeito Fuad Noman (PSD). 

Votação
32 vereadores votaram a favor do PL (CMBH/Divulgação)

No projeto, o agora deputado federal sugeriu que ficasse “expressamente proibida a denominada ‘linguagem neutra’ na grade curricular e no material didático de instituições de ensino públicas ou privadas, assim como em editais de concursos públicos”.

Ao defender a proposta na votação em primeiro turno, Nikolas Ferreira defendeu que o “pronome neutro não traz nenhum tipo de aprimoramento para a Língua Portuguesa, pelo contrário, exclui os usuários de libras, por exemplo”.

Já a então vereadora e agora deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) afirmou que “o PL mexe no currículo da educação, o que é inconstitucional. Além disso, não considera que a língua é viva e tem o claro objetivo de perseguição a professores”.

Na votação em segundo turno nesta manhã, a suplente dela, Cida Falabella (PSOL), também se manifestou contra o projeto.

“Além de inconstitucional, ele ataca as minorias, enquanto a escola deve ser um espaço de diálogo. Existe na escola um espaço para a linguagem comum, a oralidade, a gíria… Isso faz parte da construção do português. Não é nenhum projeto que vai impedir, se isso for um desejo da sociedade, que essas coisas se modifiquem daqui a uns anos”, sustentou.

Inconstitucionalidade

Em fevereiro deste ano, o STF derrubou uma lei estadual de Rondônia que proibia o uso de linguagem neutra na grade curricular, no material didático de escolas públicas e privadas e em editais de concursos públicos do estado.

Em seu voto, o relator, ministro Edson Fachin, defendeu a tese de que a norma estadual não pode definir diretrizes educacionais. Todos os ministros da Corte acompanharam o voto do relator.

Em novembro de 2021, Fachin suspendeu a lei e enviou o caso para julgamento dos demais ministros. Na ocasião, o relator argumentou que proibir a utilização confronta a liberdade de expressão garantida pela Constituição, tratando-se de censura prévia, que é proibida no país.

Linguagem neutra

A linguagem neutra, ou linguagem não binária, propõe o uso de artigos neutros “e”, “x” ou “@”, em substituição aos artigos feminino e masculino “a” e “o”.

Na linguagem, as palavras “todas” ou “todos” são grafadas, por exemplo, como “todes”, para evitar a utilização dos marcadores de gênero.

O pronome “elu” também pode ser usado para se referir a pessoas sem considerar o gênero com o qual se identificam.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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