Casal de BH perde R$ 4507 em ‘golpe da maquininha’ pelo iFood e faz alerta

Larissa e Lucas
Larissa e Lucas administram a página BH Comidaria no Instagram (Reprodução/@bhcomidaria/Instagram)

Um casal de Belo Horizonte foi vítima de um golpe pelo aplicativo de entrega iFood, nessa sexta-feira (29). A fraude tem participação do entregador cadastrado na plataforma, que depois de cobrar valores indevidos pela máquina de cartão, ainda entrega o lanche solicitado pelo cliente. Conforme conta Larissa Mota ao BHAZ, ela e o marido perderam R$ 4507 por meio do que é conhecido como “golpe da maquininha”.

“A gente pediu um lanche, o entregador já estava à caminho com o nosso lanche, e aí a gente recebeu um telefonema de um número ‘011’. Uma moça falando que teve problema com o entregador, que a moto quebrou, se passando pelo iFood, e que eles iam mandar outro motoboy, só que como era um motoboy particular a gente precisaria pagar R$ 7 na entrega para ele. E assim foi feito”, relata Larissa no perfil do Instagram que compartilha com o marido, Lucas Mota. Os dois administram a página BH Comidaria.

Ao BHAZ, a mulher explica que a responsável pela ligação ainda pedia que o valor fosse passado no débito ou crédito – para então o iFood ressarcir eles. “Ele [o entregador] chegou com o nosso lanche e com a maquininha pra gente passar o cartão. O Lucas desceu para buscar o lanche. Quando chegou, ele entregou o lanche para o Lucas”, conta.

Ela relembra que o homem ficou de capacete e máscara durante todo o tempo, então não consegue identificar se o entregador que aparece no aplicativo é o mesmo que apareceu na porta da casa dela. “A maquininha não estava apagada totalmente, mas não aparecia valor nela, ela ficava em comunicação com o celular [do homem]. A maquininha era só para passar a senha. Na primeira vez, ele mostrou a tela do celular com R$ 7 pro Lucas”, diz. No entanto, já na primeira vez, apareceu uma mensagem de erro no celular do entregador.

O homem pediu para repassar o valor. “Como estava tentando só repassar, o Lucas não preocupou mais em olhar o valor”, explica. O procedimento foi feito várias vezes. “Ele dizia: ‘Não deu certo, tenta de novo’. Aparecia uma mensagem de erro no celular e mandava passar a senha de novo, e nisso ia passando no crédito”, complementa.

Depois de algumas tentativas no crédito, o entregador perguntou se não poderia tentar realizar o pagamento no débito. Lucas aceitou o pedido. “Passou no débito e falou: ‘Não funcionou, falhou mesmo, pode deixar então que eu vou pedir um PIX lá na empresa pra me ressarcir'”, relata.

Prejuízo

O casal não percebeu imediatamente que tinha sido vítima de um golpe. “Ele chegou aqui e falou: ‘Nossa, eu não consegui passar, ele ficou sem o dinheiro, coitado'”, relata, e ainda complementa: “Lanchamos normalmente, e depois ele foi ver o celular com as mensagens do banco chegando. Aí ele falou: ‘clonaram meu cartão’. E aí ainda tentamos saber como. Só depois que pensamos que só poderia ter sido o menino do iFood. Aí que fomos ligando uma coisa com a outra”.

“Ele [o marido] ficou muito mal, porque foi ele que estava na hora: ‘Como que eu não percebi, como que eu deixei, nossa, não acredito’. Mas até então só vimos o crédito, que tinha bloqueado as transações, então na nossa cabeça ele não tinha conseguido levar nada”, conta.

Apenas no sábado (30) o casal viu que a compra no débito tinha sido aprovado. O que teoricamente era R$ 7, na verdade, causou um prejuízo de R$ 4507. “Só no dia seguinte ele viu que tinha saldo negativo na conta dele. Aí ele ficou pior ainda, além daquela sensação de ser passado pra trás, enganado, uma sensação péssima de ‘como não percebi’, ainda saber que o cara ficou com o dinheiro”, observa

“Por mais que consigamos recuperar, reembolsar, ele levou, essa sensação é a pior. Saber que ele ficou com o dinheiro é desolador”, lamenta. O casal entrou em contato com o banco para contestar o valor. O cartão já tinha sido bloqueado – e não se sabe se eles tentaram cloná-lo também.

Uma reclamação foi registrada por meio do chat do iFood e o casal está aguardando um retorno da plataforma. Eles também realizaram um registro de ocorrência no domingo (31).

Resposta do iFood

Procurado pelo BHAZ, o iFood respondeu, na terça-feira (2), que repudia qualquer desvio de conduta por qualquer um dos usuários cadastrados na plataforma, sejam eles parceiros de entrega, estabelecimentos ou usuários finais. “O iFood reforça ainda que ao optar pelo pagamento online, em nenhuma hipótese é exigido pagamento adicional presencial, no momento da entrega do pedido”, alertaram, em nota (leia na íntegra abaixo).

Segundo a plataforma, as pessoas afetadas pela fraude devem registrar boletim de ocorrência e entrar em contato com o iFood pelos canais oficiais de atendimento ao cliente via aplicativo, enviando o BO e extrato bancário para que a empresa possa retornar o mais breve possível. Após análise, o iFood faz o ressarcimento mesmo diante de fraudes aplicadas por meio de aparelhos de pagamento que não pertencem à empresa e descadastra o entregador.

Ainda segundo a empresa, o entregador em questão foi bloqueado e o time de atendimento ao cliente já está em contato com a consumidora.

Alerta

Depois de perceber foi vítima do golpe, Larissa compartilhou a história em um perfil no Instagram com mais de 70 mil seguidores. “Eu já fiquei feliz de ter feito alguma coisa boa, de alertar. A gente vai lá e dá nossa cara a tapa, porque algumas pessoas pensam: ‘Nossa, que idiotas, caíram nesse golpe’. Falei pro meu marido: ‘Vamos fazer, porque diante desse prejuízo todo, pelo menos evitamos que eles se deem bem de novo'”, relata.

“Parece uma realidade distante do nossa, quando acontece no nosso mundinho as pessoas ficam mais atentas”, pontua. “Você não está pensando que está caindo em um golpe. A gente se acha tão esperto, ‘como que essa pessoa cai no golpe’. Na hora que a gente cai, ‘como assim que eu não percebi, como assim que eu fiz isso'”, relata.

“Eu tenho dever de falar para as pessoas: ‘cuidado, isso acontece e a gente cai'”, finaliza. Nos comentários, outras pessoas relataram ter sofrido o mesmo golpe, inclusive em outros aplicativos de entrega.

Segundo o casal, a orientação da polícia é: Recebeu uma “ligação “do iFood” pedindo um valor a mais? Acione a polícia imediatamente para que ela tente pegar os ladrões em flagrante.

Segurança

Por meio do News iFood, o aplicativo disponibiliza um link com orientações relacionadas ao golpe da maquininha de cartão. Na página, o iFood descreve o golpe e suas variações, além de explicar como os usuários da plataforma podem se livrar de investidas criminosas.

”Esse tipo de golpe, em geral, tem a ver com a adulteração do visor da máquina ou com um aplicativo instalado no celular para receber um valor muito superior ao do pedido. O fraudador lança na maquininha, por exemplo, o valor para pagamento de R$ 3.039, em vez de R$ 39”, explica o iFood em um trecho. 

Ao iFood News, a coordenadora de operações da marca, Vanessa Avena, comentou sobre o fato de que golpistas se passam por trabalhadores em ligações. Geralmente, eles falam a respeito de uma nova taxa de entrega. Em tais casos, o melhor é cancelar o pedido.

“Se receber um telefonema do entregador reportando um acidente e pedindo uma taxa extra, avise o iFood pelo chat imediatamente, para que a empresa possa avaliar o que aconteceu e, se for o caso, desativar o cadastro do suposto entregador, com base com base nos Termos e Condições da plataforma”, disse Vanessa.

Confira na imagem abaixo mais dicas para reconhecer golpes

(iFood/Divulgação)

Denúncias

Em junho deste ano, o Procon-SP registrou aumento de 186% nas reclamações sobre golpes aplicados por entregadores de apps de comida. “Com a pandemia esses golpes aumentaram muito. Quem for vítima e for cobrado em valor incorreto, deve acionar o Procon-SP. Nós iremos apurar a responsabilidade da empresa e acionar a polícia. As empresas de delivery devem responder pelos problemas e ressarcir o consumidor”, contou Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP, ao falar sobre os golpes.

Em Minas Gerais, o Procon recebe manifestações por meio de formulários online. Informações podem ser obtidas por meio dos telefones 127 e (31) 3330-8409. Veja a lista de Procons nas cidades mineiras para consultar qual o mais próximo da sua residência.

Nota do iFood na íntegra

“O iFood repudia qualquer desvio de conduta por qualquer um dos usuários cadastrados na plataforma, sejam eles parceiros de entrega, estabelecimentos ou usuários finais. As pessoas afetadas pela fraude devem registrar boletim de ocorrência (BO) e entrar em contato com o iFood pelos canais oficiais de atendimento ao cliente via aplicativo, enviando o BO e extrato bancário para que a empresa possa retornar o mais breve possível.  

É importante ressaltar que a prática fraudulenta da maquininha afeta tanto os consumidores quanto o iFood. Em apoio aos clientes, após análise, o iFood faz o ressarcimento mesmo diante de fraudes aplicadas por meio de  aparelhos de pagamento que não pertencem à empresa e descadastra o entregador. Por meio de notificações, mensagens no app e e-mails, o iFood orienta os clientes a não aceitar cobrança de valores adicionais na entrega e informa a confirmação de pagamento via app.

O iFood reforça ainda que ao optar pelo pagamento online, em nenhuma hipótese é exigido pagamento adicional presencial, no momento da entrega do pedido. A orientação ao consumidor é de que ao ser questionado pelo entregador, se recuse a realizar qualquer tipo de pagamento e acione a empresa pelo chat para reportar atividade suspeita.

A empresa recomenda ao consumidor que, em qualquer tipo de transação envolvendo pagamento por meio de cartão, cheque o valor no visor da máquina de pagamento e não insira a senha caso não exiba claramente o valor. Caso tenha efetuado qualquer operação sem que haja certeza do valor, recomenda-se que, assim que finalizada a transação, verifique no aplicativo do seu banco o valor debitado e, havendo divergência, solicite o cancelamento imediato.

A empresa reforça que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações”.

Acréscimo

“O entregador foi bloqueado e o nosso time de atendimento ao cliente já está em contato com a consumidora.

Edição: Roberth Costa

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