Caso Backer: Testemunhas de defesa começam a ser ouvidas nesta segunda em BH

cervejaria backer
Seis pessoas, em média, serão ouvidas por dia enquanto durarem as audiências (Amanda Dias/BHAZ)

As testemunhas de defesa do caso Backer começam a ser ouvidas na tarde desta segunda-feira (20) em Belo Horizonte. A previsão é de que, ao longo de 11 dias, 60 pessoas compareçam ao Fórum Lafayette para falar sobre a intoxicação que resultou na morte de 10 pessoas em 2019,

O juiz da 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Alexandre Magno de Resende Oliveira, definiu que ouvirá, em média, seis pessoas por dia. Até hoje, quatro vítimas e 23 testemunhas de acusação prestaram depoimento.

De acordo com comunicado, alguns funcionários da cervejaria e parentes dos gestores da família Khalil Lebbos se apresentarão à Justiça. Nesta segunda, a expectativa é de que o gerente operacional da Backer e um parente dos sócios prestem depoimento, além de outras quatro pessoas.

O início das audiências de instrução e julgamento têm início previsto para as 13h30 de hoje. Elas serão em formato híbrido, presencialmente e por videoconferência.

Caso Backer deixou 10 mortos

Logo nos primeiros dias de 2019, moradores de Belo Horizonte começaram a apresentar problemas de saúde depois de ingerirem bebidas produzidas pela cervejaria. No dia 5 de janeiro, as investigações sobre o caso começaram.

Segundo o inquérito da Polícia Civil, 29 pessoas acabaram desenvolvendo uma síndrome que causa insuficiência renal aguda por conta do dietilenoglicol, substância tóxica encontrada nas bebidas, que vazou de um dos tanques. Dez pessoas morreram e outras 19 tiveram sequelas graves, como cegueira e paralisação da musculatura do corpo.

A corporação indiciou 11 pessoas por diversos crimes, como lesão corporal, contaminação e homicídio culposo. Assim, em setembro de 2020, o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) denunciou dez pessoas apontadas como responsáveis pela contaminação da cerveja.

Em maio de 2022, quatro vítimas e 23 testemunhas de acusação prestaram depoimento em quatro dias de audiência, no Fórum Lafayette. Dentre elas, parentes de vítimas, pessoas próximas e o delegado que conduziu o inquérito.

Familiares relatam dor da perda

No ano passado, no segundo dia de julgamento, uma mulher relatou a experiência de ter perdido o pai para a intoxicação. Ela afirmou que o pai era muito cuidadoso com a saúde e que ela própria decidiu comprar a Belorizontina, da Backer, para as festas de Natal, já que a bebida estava em promoção.

Logo na véspera do Ano Novo, o pai começou a passar mal, com suspeita de infarto. O cardiologista logo descartou a possibilidade e o homem foi encaminhado para uma UTI. A filha conta que o pai foi “morrendo aos poucos” a partir do quarto dia de internação e faleceu cerca de duas semanas depois.

Já a viúva de outra vítima contou que o marido era um apreciador de cervejas artesanais, um “entusiasta da marca Backer”. No final de 2018, ele teria comprado uma caixa da mesma cerveja e tomou uma garrafa por noite durante as férias.

Nove dias depois ele começou a passar mal e a testemunha o alertou sobre a possível contaminação, que já estava sendo comentada na época. O marido, no entanto, preferiu não acreditar que a cerveja era responsável pelo mal estar, por se tratar de uma “marca boa”.

O homem então deu entrada no Hospital Madre Teresa, na região Oeste de BH, onde teve piora gradativa e precisou ser internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Segundo a testemunha, o marido faleceu 21 dias depois.

Retomada autorizada

Em abril do ano passado, dois anos após a morte das vítimas, o Ministério da Agricultura autorizou que a Cervejaria Três Lobos retomasse a produção de bebidas vendidas pela Backer em seu polo industrial, em Belo Horizonte.

“A Cervejaria Três Lobos informa que obteve a aprovação para a retomada da produção de cervejas em seu parque industrial. O processo de reabertura contou com o acompanhamento das autoridades e órgãos competentes e observou todos os critérios legais e técnicos”, disse, em comunicado.

“O Mapa esclarece que a empresa atendeu às exigências feitas para garantir a segurança dos produtos, referentes às condições dos tanques de fermentação e equipamentos que serão utilizados neste retorno. A cervejaria ainda substituiu em seu processo o fluido refrigerante por solução hidroalcoólica – solução que contém água e álcool”, esclareceu o ministério.

Edição: Giovanna Fávero
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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