Defensoria faz mutirão para pacientes lesados pela Arcata, que fechou unidades em BH

Clínica Arcata
Pacientes tiveram o tratamento interrompido e ficaram no prejuízo (Reprodução/Google Street View)

A Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) está promovendo um mutirão de atendimento voltado para consumidores lesados pela Arcata, clínica odontológica que fechou repentinamente em março. Com o encerramento das atividades, vários pacientes tiveram o tratamento interrompido e ficaram no prejuízo.

O “Mutirão da Arcata” começou às 9h desta sexta-feira (4), no segundo andar da Unidade I da DPMG em Belo Horizonte. O endereço é rua dos Guajajaras, 1707, Barro Preto. A abertura do evento contou com a participação da defensora pública-geral do estado, Raquel Gomes de Sousa da Costa Dias. 

Segundo o órgão, eram esperadas cerca de 90 pessoas para participar do esforço concentrado da Defensoria. No mutirão, defensoras e defensores públicos colhem individualmente o depoimento dos participantes para avaliar caso a caso, e, posteriormente, tomar providências extrajudiciais ou judiciais, se for o caso.

A DPMG também vai buscar parcerias com instituições, universidades e faculdades, na tentativa de promover a continuidade do tratamento odontológico das pessoas que tiveram seus procedimentos interrompidos.

O Mutirão da Arcata é promovido pela Defensoria por meio da Coordenadoria Estratégica de Tutela Coletiva (CETUC), da Coordenadoria Estadual dos Centros de Conciliação e Mediação e da Defensoria Especializada do Consumidor, com o apoio da Coordenadoria de Projetos, Convênios e Parcerias (CooProC). 

Fechamento repentino

A rede de clínicas odontológicas Arcata fechou suas unidades em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro repetinamente, em março deste ano. Na mesma semana, a Polícia Civil começou a investigar a empresa, suspeita de aplicar golpes em clientes e funcionários. 

Em abril, a corporação cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nas casas dos sócios da rede em BH. Inúmeros contratos já haviam sido firmados até um dia antes do fechamento, o que levou os consumidores a procurarem a polícia

Conforme a delegada Danúbia Quadros informou naquele mês, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor, 618 ocorrências já haviam sido registradas contra a empresa desde a interrupção dos atendimentos. O prejuízo estimado era de R$ 4 milhões.

Em conversa com o BHAZ, Emília Stephanie contou à época que era o sonho da mãe dela, Marlúcia Andrade, 54, realizar um implante dentário. Ela começou o tratamento em maio do ano passado e iria finalizá-lo este ano, mas acabou recebendo um “banho de água fria”.

“Ela fez só a extração dos dentes e colocou os pinos. A segunda parte do tratamento ia começar agora, mas mandaram uma mensagem falando que fecharam e não deram nenhuma explicação. Ela tá muito chateada, triste, eles tinham marcado a consulta pra dia 8 de março e estava super ansiosa”, lamentou a filha.

O tratamento feito por Marlúcia custa cerca de R$ 17 mil e a família havia pago quase metade do valor. Emília confessou que tem sido difícil ver a mãe nessa situação e que não sabia o que fazer diante do prejuízo.

Procurada nesta sexta-feira pelo BHAZ, a Polícia Civil informou que o inquérito segue em tramitação. “A PCMG aguarda a emissão de laudos periciais e tem realizado oitivas e diligências no curso da investigação. Ao final dos trabalhos investigativos, novas informações poderão ser divulgadas”, diz nota.

O que diz a Arcata?

A clínica Arcata só se manifestou publicamente no dia em que fechou suas unidades, publicando nas redes sociais a mesma nota enviada aos clientes. No comunicado, a empresa afirma ter sido “severamente atingida pela crise da Covid-19”, o que provocou a interrupção das atividades durante “vários meses”.

“Tal situação resultou na descapitalização de todo nosso patrimônio, inclusive dos sócios e investidores, na esperança de que com o retorno das atividades, nossa já reconhecida experiência no mercado e qualidade dos serviços sempre prestados seriam suficientes para a viabilização do negócio de quem tantas famílias mantinham suas esperanças”, diz a nota.

“Com o retorno gradual das atividades, as imposições de restrições dos órgãos públicos à nossa atividade, necessárias naquela época de incertezas, impossibilitou a equalização das finanças do empreendimento, resultando em uma batalha inócua frente a inviabilidade econômica que se apresentou”, acrescenta.

Por fim, a empresa agradeceu o apoio de clientes e colaboradores e disponibilizou o e-mail [email protected] “para tratar da negociação para suspensão dos pagamentos, suspensão de parcelamentos em cartão de crédito e cheque”.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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