Fechamento repentino da Arcata em BH prejudica mais de 600 pacientes e prejuízo chega a R$ 4 milhões

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A Polícia Civil investiga se houve crime de estelionato no fechamento repentino de três unidades da rede Arcata em BH (Reprodução/Google Street View)

A Polícia Civil cumpriu, nesta segunda-feira (4), quatro mandados de busca e apreensão nas casas dos sócios da rede de clínicas odontológicas Arcata, em Belo Horizonte. A corporação investiga se houve crime de estelionato no fechamento repentino de três unidades da rede.

No dia 9 de março, a empresa, que também atua no Rio de Janeiro, anunciou que estava fechando as portas e deixou centenas de pacientes com tratamentos inacabados. Inúmeros contratos já haviam sido firmados até um dia antes do fechamento, o que levou os consumidores a procurarem a polícia.

Segundo a delegada Danúbia Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor, um total de 618 ocorrências foram registradas contra a empresa desde a interrupção dos atendimentos. O prejuízo estimado é de R$ 4 milhões.

“Assim que tivemos notícia do caso, instauramos o inquérito policial e, rapidamente, conseguimos junto à Justiça os mandados judiciais de busca, além de requerer o bloqueio de bens dos donos e a retenção de passaporte”, disse.

‘Questão de dignidade’

As ordens judiciais foram executadas nos bairros Vila Paris, Gameleira, Palmares e Silveira. A polícia ainda apreendeu um notebook e um celular que devem colaborar para o andamento das investigações.

Ainda segundo a delegada, a maioria das vítimas são pessoas idosas e que iniciaram o tratamento de implante e estão sentindo dores. “É uma questão de dignidade”, frisa ela.

Alguns dos tratamentos, frutos de longas poupanças, chegam a R$ 30 mil. Em conversa com o BHAZ, Emília Stephanie conta que era o sonho da mãe dela, Marlúcia Andrade, 54, realizar um implante dentário. Ela começou o tratamento em maio do ano passado e iria finalizá-lo este ano, mas acabou recebendo um “banho de água fria”.

“Ela fez só a extração dos dentes e colocou os pinos. A segunda parte do tratamento ia começar agora, mas mandaram uma mensagem falando que fecharam e não deram nenhuma explicação. Ela tá muito chateada, triste, eles tinham marcado a consulta pra dia 8 de março e estava super ansiosa”, lamenta a filha.

Danúbia Quadros observa que a empresa é investigada por estelionato por dar indícios de má-fé. “Sabemos que pode ser tênue a linha entre o estelionato e a falência, contudo, se já havia a previsão de fechamento, há irresponsabilidade, e possível crime, em mesmo assim se comprometer com tantos contratos pouquíssimo antes do fechamento”, pontua.

Orientações

O chefe do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes, delegado Júlio Wilke, reforça que a investigação não está concluída e a Polícia Civil pretende esclarecer sob que circunstâncias houve falência da empresa para confirmar o crime.

“Com a conclusão das apurações, vamos saber responder há quanto tempo os investigados sabiam da saúde financeira do negócio deles, há quanto tempo continuaram a vender o serviço, se não pensaram em dar continuidade aos tratamentos por meio de parceiros depois que viessem a encerrar as atividades”, destaca.

A Polícia Civil orienta que, para possíveis ressarcimentos de valores, os consumidores devem procurar a esfera cível. “Pela Polícia Civil, nos concentramos na investigação criminal. É importante que as vítimas estejam atentas à necessidade de registrar a queixa nas duas áreas”, explica Danúbia Quadros.

Com PCMG

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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