Empresa que fornece monoetilenoglicol à Backer é interditada pela Vigilância Sanitária

Divulgação/Polícia Civil + Amanda Dias/BHAZ

A Imperquímica, empresa que fornece a substância monoetilenoglicol para a cervejaria Backer, foi interditada pela Vigilância Sanitária de Contagem, nesta sexta-feira (17).

Segundo nota da Secretaria de Meio Ambiente de Contagem (veja abaixo), a fábrica localizada no bairro Vila Paris não tinha autorização para fracionar produtos químicos. Por conta disso, o estabelecimento teve as atividades suspensas até que se regularize.

O advogado da Imperquímica, Mário Saveri, afirma que o fechamento da empresa não está relacionado ao caso de intoxicação das cervejas da Backer e que a empresa deve retomar as atividades em breve.

“Devemos voltar na segunda-feira, quando vou fazer o pedido de reabertura. A questão é que não tínhamos o alvará para fracionamento dos produtos químicos, ou seja, comprar e dividir em menores quantidades. Não tem relação nenhuma com o caso da Backer”, explica.

Nessa quinta (16), a Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na Imperquímica, onde recolheu materiais e documentos. O Conselho Federal de Química também abriu um processo administrativo para investigar a contaminação de cervejas da Backer.

+ Empresa que vendeu produtos químicos para Backer é alvo de operação da Polícia Civil

Na quarta (15), o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) identificou que a água utilizada no processo de fabricação das cervejas da Backer estava contaminada com as substâncias etilenoglicol e dietilenoglicol, ambas tóxicas e nocivas à saúde.

O Mapa identificou a presença das substâncias em oito cervejas produzidas pela Backer. Ao todo, o órgão constatou 21 lotes de produtos contaminados. A Backer, por sua vez, nega o uso das substâncias e alega que comprava somente o monoetilenoglicol.

Vídeo é incluído na investigação

Nessa quinta (16), rumores de que a Backer teria sigo enganada pela Imperquímica vieram à tona. A suspeita é de que funcionários da empresa de química teriam misturado dietilenoglicol ao monoetilenoglicol, que é comprado pela cervejaria. Um suposto vídeo feito por um ex-funcionário mostraria a mistura sendo feita.

Mário Saveri negou a informação. “É uma afirmação que não faz sentido nenhum, pois o dietileno é mais caro que o mono. É como se você comprasse uma quantidade de prata e eu jogasse ouro na mistura para te enganar. Nós nunca trabalhamos com o dietileno e não faz parte da nossa carteira de produtos”, argumenta o advogado.

A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou que, na noite de ontem, duas pessoas prestaram depoimento, sendo um ex-funcionário da Backer e um ex-funcionário da Imperquímica. Apesar de confirmar os depoimentos, a corporação não divulgou outros detalhes a respeito do caso.

Em nota, a Backer disse que teve acesso a um vídeo relacionado às investigações e encaminhou à polícia. “A Backer reforça que é a principal interessada na apuração dos fatos e que o objetivo é auxiliar e contribuir sem restrições com as autoridades”.

Segundo o Mapa, os compostos não são usados na fabricação da cerveja, apenas no sistema de refrigeração, o que ainda não explicaria como as substâncias chegaram às garrafas, independentemente de quais sejam elas.

Procurada pelo BHAZ, a polícia não se manifestou quanto a uma suposta sabotagem dos produtos da cervejaria. O caso segue em investigação.

Nota da Backer

“A Backer informa que ontem, 16 de janeiro, teve acesso a um vídeo cujo conteúdo poderia estar relacionado com as investigações em curso. Esclarece ainda que não está em posse do material, uma vez que ele foi repassado imediatamente à Polícia Civil. A Backer reforça que é a principal interessada na apuração dos fatos e que o objetivo é auxiliar e contribuir sem restrições com as autoridades”.

Nota da Prefeitura de Contagem

“Após uma fiscalização conjunta da Secretaria de Meio Ambiente de Contagem e da Vigilância Sanitária do Município, feita nesta sexta-feira (17), a empresa denominada Imperquímica Comercial Ltda, situada no bairro Vila Paris, foi interditada e teve suas atividades embargadas. O motivo foi a falta de alvará sanitário e a constatação de que a empresa fazia o fracionamento de produtos químicos para posterior venda, o que não está contemplado pelo alvará que a empresa possui. Além disso, para ocorrer o fracionamento, algumas obras devem ser executadas”.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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