O “Então, Brilha!“, um dos mais tradicionais blocos de rua de Belo Horizonte, se manifestou nesta terça-feira (7) sobre a onda de incertezas que envolve a realização do Carnaval em 2022 na capital. Em nota, os organizadores dizem entender que a festa depende de condições epidemiológicas mais favoráveis no que diz respeito à Covid-19, mas criticam a liberação de eventos particulares por parte da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte).
“Interesses políticos e econômicos atuam com grande força sobre esta decisão desconsiderando a cultura da cidade e a liberdade das pessoas em exercer seus direitos de livre expressão artística, política e cultural e de ir e vir”, diz o bloco.
Na nota, os organizadores mencionam uma fala recente do prefeito Alexandre Kalil (PSD), em que ele afirma que a “prefeitura não vai patrocinar o Carnaval” de BH para não “dar sopa pro azar” e relembram que, ao mesmo tempo, já estão programados eventos com vendas de ingressos para a data em BH.
“À medida que a festa momesca se aproxima, surgem diversos eventos com este formato e com grandes nomes do entretenimento nacional, definindo assim um calendário e um circuito de carnaval privado”, reivindica o “Então, Bilha!”.
‘Quem pode pagar, vai à folia’
No comunicado, os organizadores do bloco garantem que a realização do carnaval de rua “fortalece os cofres públicos”, o que “coloca em perspectiva a ideia vagamente difundida de que a Prefeitura de Belo Horizonte patrocina o carnaval”. Ainda assim, segundo o bloco, a falta de apoio do Executivo municipal deve enfraquecer os blocos de rua e impedir quem não tem dinheiro de curtir a folia em segurança.
“Uma das consequências práticas desta política para o carnaval, sob o pretexto de combater a disseminação do vírus, é que quem pode pagar vai à folia privada com a falsa ideia de segurança sanitária, e, quem não pode, que vá para a rua, porém sem blocos estruturados e sem garantias dos serviços públicos especificamente organizados”, diz um trecho da nota.
Cortejo ainda sem definição
O “Então, Brilha!” garante ainda que não vai participar ou promover nenhum evento privado no ano que vem. O cortejo tradicional, no entanto, segue sem definição devido ao cenário epidemiológico ainda incerto.
“Como as variantes são muitas e também dinâmicas, não é possível dizer agora se haverá ou não cortejo do Então Brilha em 2022. Mas o Então, Brilha! seguirá em defesa das liberdades, das ruas, da cultura e contra a privatização da alegria e da festa popular”, finaliza o bloco.
Carnaval em BH segue em discussão
O BHAZ procurou a PBH para obter um posicionamento acerca das reivindicações do bloco, mas até o momento não obteve retorno. No último mês, Alexandre Kalil (PSD) participou de uma discussão com mandatários de outras capitais brasileiras sobre a realização do Carnaval de 2022 (veja aqui).
A ideia de reunir os administradores foi do prefeito de Recife, João Campos (PSB), que tem o objetivo de criar um comitê interdisciplinar para deliberar sobre a realização ou não das festividades tradicionais em meio à pandemia de Covid-19.
Procurada pelo BHAZ na ocasião, a prefeitura confirmou que Alexandre Kalil conversou com João Campos e que vai participar da discussão sobre o Carnaval. Além de Belo Horizonte e Recife, devem participar também os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; de Salvador, Bruno Reis; e de São Paulo, Ricardo Nunes.