O casal internado após consumir uma torta de frango em uma padaria foi transferido para Belo Horizonte, na noite dessa quinta-feira (24). Eles comeram o produto na capital mineira, mas estavam hospitalizados em Sete Lagoas, na região Central, onde vivem.
De acordo com a família, a transferência foi necessária devido à gravidade do caso. Eles estão na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Felício Rocho, na região Centro-Sul. A tia da jovem, uma idosa de 78 anos, também está na UTI do Hospital MedSênior.
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A Polícia Civil segue investigando o caso. Após os médicos descartarem envenenamento por chumbinho, os internados receberam soro contra botulismo, doença causada por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Os exames para a enfermidade, no entanto, ainda não ficaram prontos.
Veja tudo que se sabe sobre o caso:
Como começou a investigação?
Uma idosa de 78 anos, sua sobrinha de 23 e o namorado da jovem, de 24, foram hospitalizados após comerem empadas e uma torta de frango compradas na Padaria Natália, no bairro Serrano, em BH, na última segunda-feira (21). O casal, que estava visitando a tia, chegou a retornar ao estabelecimento no mesmo dia para reclamar que os produtos pareciam estragados, recebendo o estorno do valor.
Posteriormente, já em Sete Lagoas, os jovens começaram a passar mal durante a madrugada de terça-feira (22) e foram internados na UTI do Hospital Municipal local com insuficiência respiratória. A tia, que permaneceu em BH, também adoeceu na manhã de terça, sofrendo uma parada cardiorrespiratória – sendo reanimada pelo filho – antes de ser levada à UTI de um hospital particular na capital.
Exames
A Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para determinar a causa exata do mal-estar. Amostras gástricas foram coletadas e enviadas à Fundação Ezequiel Dias (Funed) para análise, buscando identificar a presença de toxinas como a botulínica ou resíduos de organofosforados. Segundo o delegado Alex Sandro Cecílio Pimenta, nenhuma linha investigativa está descartada no momento. Com a suspeita inicial de envenenamento por “chumbinho” perdendo força, a hipótese de botulismo ganha relevância, aguardando confirmação laboratorial.
Versões
O padeiro responsável pela produção dos salgados, um homem de 55 anos com 40 de experiência que estava em um trabalho temporário de seis dias na padaria, prestou depoimento na quarta-feira (23) e negou ter adulterado os alimentos.
Ele afirmou ter levado uma torta similar para casa no sábado anterior, que foi consumida por sua família sem causar problemas. O padeiro também minimizou relatos de uma colega sobre uma ligação telefônica exaltada na sexta-feira (18), onde teria dito que “cometeria uma tragédia”, alegando ser uma discussão com a esposa sem intenção criminosa. Ele levantou suspeitas sobre as condições de armazenamento dos produtos na padaria.
O proprietário do estabelecimento, há seis meses na administração, também foi ouvido e liberado. Ele alegou que as vistorias estavam em dia e confirmou que o padeiro era um contratado temporário recente, com quem teria perdido contato após o incidente.
Interdição
Na manhã de quarta-feira (23), a Vigilância Sanitária de Belo Horizonte interditou a Padaria Natália. A ação foi motivada pela falta de alvará sanitário e pela constatação de “irregularidades no que se refere a questões de higiene e estrutura sanitária”. Ingredientes foram recolhidos para análise. A prefeitura esclareceu que o Alvará de Localização e Funcionamento estava regular, mas o alvará específico da vigilância sanitária estava pendente.