Foragida, mulher é detida em BH suspeita de crimes que podem somar mais de 20 anos de prisão

crianças abandonadas
Mulher de 53 anos tinha mandado de prisão preventiva em aberto (Larissa Reis + Asafe Alcantâra/BHAZ)

A mulher de 53 anos investigada por abandonar duas crianças em um apartamento no bairro Lagoinha, na região Nordeste de BH, foi presa hoje (18) ao ser reconhecida na capital. A suspeita estava foragida desde que os dois meninos, de 6 e 9 anos, foram encontrados desnutridos e sob péssimas condições de saúde.

De acordo com a Polícia Civil, a mulher foi encontrada depois de ser reconhecida na rua e uma testemunha acionar a PM. Ela estava com duas outras crianças, uma menina de 5 e outra de 7 anos. Ao ser abordada, a mulher disse que estava indo a um hospital buscar exames, o que gerou desconfiança nos policiais.

As crianças encontradas com a mulher hoje são netas dela e ficaram sob cuidados do Conselho Tutelar. A mãe das crianças, de 28 anos, foi presa em 20 de março ao tentar solicitar alteração de documentos pessoais na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) localizada na Praça Sete, Centro da capital.

Ela também tinha mandado de prisão preventiva em aberto por envolvimento na denúncia de que as duas crianças anteriores, as que não são filhas dela, estavam em cárcere privado no Lagoinha.

Dois inquéritos apuram crimes

Em coletiva de imprensa nesta tarde, a Polícia Civil explicou que duas investigações buscam solucionar as circunstâncias em que a mulheres estão envolvidas com as crianças. Um inquérito em São Joaquim de Bicas, na Grande BH, apura a possibilidade de ela tirar proveito das crianças para conseguir dinheiro e ainda a morte de uma criança de 4 anos, que estaria sob cuidados da mulher.

Já o inquérito da Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente de BH apura os crimes de cárcere privado, tortura, maus-tratos e abandono de incapaz na situação com as crianças na Lagoinha. Caso seja condenada, o somatório das penas pode passar de 20 anos de prisão.

O delegado Evandro Radaelli explica que a partir da prisão da foragida outros questionamentos da investigação devem ser respondidos. Segundo ele, uma testemunha se apresentou querendo prestar esclarecimentos após a prisão da mulher por medo do comportamento violento dela.

A Polícia Civil ainda acredita que a mulher tenha deixado o local em que se escondia por precisar de dinheiro, já que contas bancárias dela foram bloqueadas no curso das investigações.

Mulher nega que tenha aliciado crianças

Após ser detida hoje em um ponto de ônibus, a mulher disse que iria até um hospital e se defendeu dizendo não ter trazido as crianças de São Joaquim de Bicas para BH. Segundo ela, as crianças vieram sozinhas. A mulher se reservou ao direito de ficar em silêncio e não repassou nenhum outro detalhe aos policiais.

A mãe desses menores, que não tem nenhum vínculo de parentesco com a investigada, foi presa em janeiro por suspeita de maus-tratos contra um filho de 4 anos, que veio a óbito. Outras duas filhas dessa mulher foram conduzidas ao Conselho Tutelar.

A mulher alega que a investigada presa hoje teria mantido ela e a família em cárcere privado em um sítio de São Joaquim de Bicas. A presa não comentou o caso, que segue em investigação pela Polícia Civil.

Agora, as investigações buscam entender como e por qual motivo as netas de 5 e 7 anos estavam com a avó na data de hoje, já que ela tem atuação considerada lesiva para as crianças. Outro questionamento é se o pai biológico das netas teve as filhas subtraídas ou se consentiu que a mulher levasse as crianças.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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