Homofobia: Barbeiro grava e constrange jovens em shopping de BH

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Jovens aparecem constrangidos durante ato homofóbico no Minas Shopping (Reprodução/Redes sociais)

Dois jovens tornaram-se alvo de homofobia no Minas Shopping, na região Nordeste de Belo Horizonte, na tarde dessa segunda-feira (25). Em imagens postadas nas redes sociais, as vítimas são constrangidas por um barbeiro. O caso veio à tona após ser divulgado, a partir do pedido de uma amiga das vítimas, pelo jornalista Erick Krominski, que já atuou como repórter no CQC e pelo Shark Tank BR como apresentador. É sempre válido reforçar que homofobia é crime previsto por lei.

O vídeo começa com o barbeiro Jhon Elder De Jesus, conhecido como Jhonin Du Corte, mostrando as vítimas, que tentam esconder os rostos com as mãos. O caso aconteceu por volta das 17h. Ele possui mais de 65 mil seguidores no Instagram e tentou eleger-se vereador pela cidade de Caeté, na Grande BH, em 2020.

“Continua o que vocês estavam fazendo, seus palhacinhos. Continua essa p*taria que vocês dois estavam fazendo aí. Continua nessa p*taria vocês dois. Anda!! Continua essa palhaça que vocês dois estavam arrumando aí”. Enquanto o homem insiste, as vítimas balançam a cabeça negativamente.

Mesmo com os dois visivelmente constrangidos, o agressor continua. “Não vão falar nada não, vocês dois? Heim, seus bonitinhos, o que vocês dois estava arrumando aí? Fala o que vocês estavam arrumando”. Nesse momento, um dos jovens esfrega a mão nos olhos.

“Olha o cabelinho dele, tropa, esparrado, não tem jeito. Menor, olha aqui, como que é o nome daquela loja lá?”, continua o homem apontando para a loja de joias Vivara. “Vivara”, responde uma das vítima. “E o que você viu? Fala comigo o que você viu?”, esperando que o jovem respondesse “vara”. O vídeo se encerra entre risadas do agressor.

Assista:

De acordo com publicação de Erick no Twitter, as vítimas são amigos de uma pessoa próxima a ele. O jornalista ainda explica que a identidade dos jovens será preservada. “Eles são amigos de uma conhecida minha, que pediu para denunciar. Mas optamos por não expor as vítimas”. Em outro tuíte, Erick comenta que “o menino chorando no final tirou meu chão”.

‘Brincadeira autorizada’

Ainda na noite dessa segunda-feira, um vídeo em que uma mulher se identifica como irmã do barbeiro foi divulgado nas redes sociais. Nas imagens, ela pede desculpas e diz que foi uma “brincadeira de mau gosto”, e que o irmão iria se desculpar. Mais tarde, o vídeo foi apagado das redes sociais.

Em conversa com o BHAZ, o barbeiro Jhon Elder De Jesus disse que não conhecia as vítimas, mas que tudo teria sido autorizado pelos jovens. “Foi uma brincadeira, eles tinha deixado eu gravar. Alguém fez a cabeça deles para tentar me prejudicar. Vou deixar o advogado resolver isso aí”.

O homem continua e diz que não conhecia a dupla. “Mas eu cheguei e eles deixaram fazer o vídeo. A pessoa quando não quer te deixar fazer o vídeo, nem olha para você. O mal a gente corta pela raiz, entendeu? Eles deixaram fazer, e depois falaram que não deixaram mais”.

Por fim, sem admitir a homofobia, o barbeiro explica que não procurou as vítimas para se desculpar. “Me mandaram mensagem para tirar o vídeo, aí eu tirei”, completa. De acordo com o Jhon Elder, o Instagram desativou a conta dele após denúncias.

Minas Shopping se posiciona

Por meio de nota (leia abaixo na íntegra), o Minas Shopping informou que “repudia veementemente qualquer forma de discriminação” e que a equipe é “constantemente treinada para agir quando acionada ou quando percebe algum evento que demande atenção especial”.

De acordo com o estabelecimento, no dia do ocorrido, o shopping não recebeu nenhum acionamento sobre o fato. A nota ainda diz que foram revistas imagens pelas câmeras de segurança do local, onde “quatro jovens se encontraram pacificamente no segundo piso, se cumprimentaram e por ali permaneceram conversando por cerca de 20 minutos”.

Para completar, o shopping diz que ao final da conversa, os quatro “se despediram e dois deles saíram do empreendimento e outros dois seguiram para a praça de alimentação. Não houve qualquer movimentação ou acionamento que justificasse ação da equipe do Shopping”.

É crime!

Vale reforçar que homofobia e transfobia são crimes previstos por lei. Eles entram na lei do racismo, já existente há 30 anos e, com isso, as punições são semelhantes. O STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizou a homofobia em junho de 2019.

Veja o que é considerado crime:

  • “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
  • a pena será de um a três anos, além de multa;
  • se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.

Nota do Minas Shopping

“O Minas Shopping ressalta que é um espaço democrático, que estimula o respeito a todas as pessoas e repudia veementemente qualquer forma de discriminação. A equipe do Shopping é constantemente treinada para agir quando acionada ou quando percebe algum evento que demande atenção especial, adotando as medidas necessárias à preservação da integridade de seus clientes e visitantes em geral.

Informamos que, no dia mencionado, a equipe do Shopping não recebeu qualquer acionamento relacionado ao fato.

Em função do questionamento, ao rever as imagens do circuito interno de TV, verificou-se que, às 17h24, quatro jovens se encontraram pacificamente no segundo piso, se cumprimentaram e por ali permaneceram conversando por cerca de 20 minutos. Ao final da conversa, se despediram e dois deles saíram do empreendimento e outros dois seguiram para a praça de alimentação. Não houve qualquer movimentação ou acionamento que justificasse ação da equipe do Shopping.

O Minas Shopping reafirma seu compromisso social de receber todas as pessoas igualmente e com alegria, repudiando todo e qualquer tipo de discriminação”.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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