O músico Túlio Araújo, de 40 anos, não imaginava que atender a porta de casa, por volta da meia-noite, seria o primeiro passo para ajudar um homem em situação de rua. Edimilson Campos, de 56 anos, bateu à porta sem conhecer os moradores. Ele buscava um cobertor para aguentar outra noite ao relento, mas conseguiu muito mais: uma oportunidade para recomeçar a vida.
O rosto de Edimilson, que está em situação de rua há cerca de seis meses, viralizou depois que Túlio contou os desdobramentos do encontro entre eles por meio do Facebook. Ao BHAZ, o músico explicou nesta quinta-feira (24) que estava em casa com a mulher quando alguém chamou na entrada da residência. Ao atender, deu de cara com o homem que buscava por um cobertor. Enquanto recolhiam roupas e outros objetos para doar, Túlio bateu um papo com Edimilson e descobriu que ele é um pintor de mão cheia. E a prova do talento veio logo após.
“Cerca de duas semanas atrás eu estava procurando um pintor para entregar a casa em que estava e pintar a nova, mas tive dificuldade para encontrar. Até desisti de pintar o estúdio, que também é meu escritório, mas aí apareceu o Sr. Edimilson. Ele pediu um cobertor na porta de casa, por volta de meia-noite, e enquanto eu e minha mulher pegávamos algumas coisas para doar, comecei a conversar com ele. Ele disse que era pintor e eu ofereci de ele pintar o estúdio”, conta. “Ele disse que o que mais queria era um emprego e pedi que voltasse depois”, continua.
O músico ficou impressionado com o talento do pintor e fez uma recomendação por meio do Facebook. Não demorou para que outras pessoas aparecessem para ajudar. E, desde então, a corrente do bem em prol do Sr. Edimilson não para de crescer. “Eu fiquei impressionado. Ele pintou o estúdio comigo lá dentro e não fez nada de bagunça. Achei muito caprichoso”, contou.
Ao BHAZ, o pintor contou ter ficado surpreso e feliz com a ajuda de Túlio e de todos que se solidarizaram. “Eu bati na porta sem saber quem era e pedi um cobertor. A gente conversou e contei que sou pintor, tinha um ‘negocim’, mas a crise me pegou e acabei indo parar na rua”, relata. “Agora, o celular que ganhei não para de tocar. Tem gente me ligando o dia todo, estou até sem tempo”, diz agradecido. “Hoje eu trabalhei no Santa Amélia, mas já tenho serviço na Savassi e orçamento no Floresta. Podem me ligar sempre, eu quero trabalhar”, completa.
O celular novo, cedido pelo empresário Felipe Alves – o antigo foi roubado -, não foi o único presente recebido por Edimilson. Ele também ganhou cursos de atualização para se recolocar no mercado de trabalho. A iniciativa partiu da gerente de uma loja Varejão das Tintas, localizada na Olegário Maciel. Andréia emocionou-se com a história do pintor e fez a oferta, que já foi aceita.
“Eu vejo tudo isso como uma benção, nada acontece por acaso. Eu tô feliz, vendo luzes diferentes no fim do túnel. O Túlio me ajudou muito, pintei o estúdio dele e agora tá aparecendo mais trabalho. Eu quero trabalhar para alugar um lugar para ficar, algo baratinho. Ainda estou dormindo debaixo do Capim da Serra [restaurante no Lourdes], mas em breve quero ter meu lugarzinho”, pondera. “Agradeço muito a todos que estão ajudando, Deus os abençõe”, finaliza.
O músico Túlio, por sua vez, diz ter feito pouco, mas reconhece a importância de ajudar ao próximo. “A gente está fazendo tão pouco. Qualquer pessoa com o mínimo de empatia faria o mesmo. Ele ficou muito agradecido e agora vai conseguir se reerguer, vamos ajudar pessoal”, sinaliza. E, se você quiser ajudar e/ou está à procura de um pintor de mão cheia, pode falar com o Sr. Edimilson pelo telefone (31) 99360-0486.
